
O Alienista: loucura, poder e ciência
1993; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 5; Issue: 1-2 Linguagem: Português
10.1590/ts.v5i1/2.84953
ISSN1809-4554
Autores Tópico(s)Linguistics and Education Research
ResumoEste artigo analisa o conto de Machado de Assis, O Alienista. Ficção centrada nos delírios de Simão Bacamarte, médico-psiquiatra, nela estão referidas as pretensões e impasses das concepções científicas do século XIX, em particular do Positivismo, que tem vínculos profundos com o nascimento das Ciências Humanas. De um lado, a sede de explicação rigorosa de seu objeto, no caso, a Loucura, e, de outro, o direito que se arroga de dizer a verdade a respeito da Loucura e do Louco e de agir sobre ele com plenos e legítimos direitos. A obra de Machado denuncia o vínculo entre ciência e poder bem como a usurpação, pelo homem de ciência, do direito que cada um tem de dizer a sua própria verdade. O que conduz à ironia final: parece haver mais loucura na pretensão de estabelecer com nitidez a linha divisória entre Razão e Loucura do que em perder-se entre seus supostos limites.
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