Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Do peixe com farinha à macarronada com frango: uma análise das transformações na rede urbana no Alto Solimões pela perspectiva dos padrões alimentares.

2015; Couffy-sur-Sarsonne; Volume: 24; Linguagem: Português

10.4000/confins.10254

ISSN

1958-9212

Autores

Tatiana Schor, Moisés Augusto Tavares-Pinto, Francisco Carlos da Costa Avelino, Marina Lelis Ribeiro,

Tópico(s)

Urban Agriculture and Sustainability

Resumo

As transformações e permanências nos padrões alimentares são indicativos de mudanças sociais e ambientais complexas. A passagem de uma dieta tradicional, fortemente baseada em produtos coletados, pescados, caçados, plantados ou mesmo adquiridos localmente para uma dieta de supermercado, isto é oriunda da agroindústria é um interessante indicativo do processo de modernização. A análise dessas mudanças permite entender processos diversificados tais como a urbanização. Os hábitos alimentares no Brasil, encontram-se em algum lugar entre as formas de obtenção “tradicional” dos alimentos para uma “dieta do supermercado”, que varia de região para região de acordo com as formas de abastecimento e produção. O tema do abastecimento na Amazônia deve ser analisado como uma questão que compreende a demanda e a oferta de alimentos nas cidades. Referente às demandas, temos um processo de urbanização em curso com um forte componente financeiro explicitado nas diversas políticas de desenvolvimento social que transformam rapidamente os hábitos alimentares da população. No tocante a oferta, tem-se o fato de que a produção rural no Amazonas não atende a demanda das cidades. A dependência de produtos externos a região e o fato de que o acesso à grande maioria das cidades no estado se dá principalmente por via fluvial implica em uma complexa rede de abastecimento. Esta rede é fortemente definida pelo sistema hidrológico. Neste artigo trouxemos elementos inovadores para a compreensão da dinâmica econômica e alimentar na microrregião do Alto Solimões na tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia, olhando como se dá os fluxos de alimentos, de produção local e a importância destes no abastecimento das cidades na região. Concluímos que no contexto de forte vulnerabilidade hidrológica compreender as estruturas das redes urbanas de abastecimento é imprescindível para se pensar em formas de atuação que incentivem a soberania alimentar em uma região com forte dependência de alimentos produzidos fora da região e os mais baixos índices de desenvolvimento social do Brasil. Não são conclusivos os resultados apresentados, mas indicam fortemente a necessidade de se inovar tanto na pesquisa na fronteira quanto nas áreas de geografia urbana-econômica, e sua interface com a geografia do abastecimento e da saúde.

Referência(s)