
Variáveis culturais e psicossociais associadas à vulnerabilidade étnica ao HIV/Aids: estudo comparativo entre Brasil e França
2009; UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE; Volume: 21; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/s1984-02922009000100015
ISSN1984-0292
Autores Tópico(s)Science and Education Research
ResumoEsta Tese teve por objetivo identificar os aspectos culturais e psicossociais associados as vulnerabilidades de jovens afrodescendentes e brancos, no Brasil e na Franca, ao HIV/Aids. A pesquisa foi realizada em duas etapas: a primeira, qualitativa, com 36 entrevistas com estudantes do ensino medio no Brasil com o objetivo de fornecer elementos indicadores sobre a vulnerabilidade, conhecimentos e Representacoes Sociais da aids dos jovens, alem de indicar elementos para a elaboracao de um questionario a ser aplicado na segunda etapa. E a segunda etapa, na qual foi realizado estudo quantitativo e comparativo entre Brasil e Franca, com 480 estudantes do ensino medio, sendo 240 de cada pais, com o objetivo de comparar seu conhecimento sobre aids, atitudes frente o preservativo, atribuicoes de causalidade, bem como outras variaveis psicossociais intervenientes em suas vulnerabilidades ao HIV/Aids. Nos resultados da primeira etapa as diferencas foram mais importantes em relacao ao sexo dos participantes que a etnia. As meninas sao mais proximas dos doentes, e falam disso quando colocam questoes sobre a aids, enquanto os rapazes se referem principalmente aos conhecimentos mais abstratos sobre a doenca. Elas se lembram da contracepcao e da gravidez, enquanto eles falam principalmente de relacoes sexuais e amorosas. As diferencas sao menos pronunciadas em termos de etnia, mas tambem aparecem: os afrodescendentes aparentam ter mais proximidade com os doentes que os brancos. Os brancos evocam, por outro lado, principalmente as relacoes amorosas, e os afrodescendentes, as relacoes sexuais. Na segunda etapa, em relacao a dimensao informativa, os brasileiros apresentaram mais acertos, media de 5,80 itens (dos 10 do sub-teste de conhecimento sobre aids) do que os franceses (4,96). Os participantes brancos obtiveram media de 5,59, e os afrodescendentes a media de 5,18. Quanto as fontes de informacao sobre aids, a escola, a televisao e os folhetos aparecem, como principais, sendo que para os franceses a escola e uma fonte mais importante de informacao sobre aids que para os brasileiros. Ambos os grupos (brasileiros e franceses) apresentaram atitude favoravel frente o uso do preservativo (respectivamente 3,67 e 3,45 numa escala onde o ponto medio e 3). Nao havendo diferencas significativas entre etnias. Porem observou-se que as meninas tem uma atitude mais favoravel que os meninos. No que concerne o uso do preservativo, os resultados ficaram homogeneamente distribuidos entre os dois paises, com brasileiros declarando utiliza-lo em todas as relacoes, mais que os franceses (55,8 % contra 45,7%), e franceses sendo maioria em declarar o nao uso (26,1% contra 19,8%). Porem, sem associacao significativa entre as proporcoes. Alem disso, a proporcao de estudantes franceses que ja realizaram o teste de HIV e muito superior a dos brasileiros. Quanto ao sentimento experimentado diante da aids, observou-se que os brasileiros tem mais medo do que os franceses, os afrodescendentes tem mais medo que os brancos, e as meninas, mais que os meninos. Alem disso, 42,5% dos participantes declararam ter ficado bebado nos ultimos 12 meses, nao havendo diferencas significativas entre os subgrupos. A declaracao do uso da maconha ficou em torno de 22,7% dos participantes, com os franceses declarando ter usado mais que brasileiros (34,7% contra 10,6%). O uso de outras drogas ficou em 11,6% nao havendo diferencas significativas entre pais ou etnia. 55,3% declarou ter presenciado cenas de violencia nos ultimos 12 meses, com os brasileiros sendo maioria em ter presenciado cenas de violencia, porem com os franceses tendo participado mais de brigas que os brasileiros. Os resultados evidenciaram uma multiplicidade de fatores de risco as DST e ao HIV/Aids entre os jovens estudados. E essa multiplicidade varia de acordo com o grupo de pertenca dos participantes, revelando desigualdades vivenciadas por membros de alguns grupos, que os expoes a maior vulnerabilidade, como por exemplo, as meninas em relacao aos meninos e os afrodescendentes em relacao aos brancos.
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