Artigo Acesso aberto

As desigualdades escolares na África do Sul: força das coisas" e política educativa (o exemplo da Província do Cabo)

2008; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Issue: 48 Linguagem: Português

10.1590/s0102-46982008000200009

ISSN

1982-6621

Autores

Claude Carpentier,

Tópico(s)

Education Pedagogy and Practices

Resumo

A questão da aplicação das decisões políticas subsiste tanto no campo da educação quanto fora dele. Freqüentemente, ela se coloca de forma mais aguda quando são constatadas distorções entre orientações adotadas e resultados alcançados, normalmente vividos como grandes traições. Como pano de fundo para esta questão, consideramos a capacidade das políticas de se curvarem à "força das coisas", isto é, ao peso de determinantes econômicos e sociais ou ao que é apresentado como tal. A mudança política que ocorreu na África do Sul em 1994 está na origem de um debate no país cuja aposta é saber se as decisões tomadas visando a erradicar as discriminações herdadas do passado em matéria de acesso à educação foram efetivadas dez anos mais tarde ou se estão sendo aplicadas. Para tanto, tentamos avaliar, por meio da análise de dados oficiais disponíveis para a Província do Western Cape, o peso da "força das coisas". Três preocupações se exprimem em nossa pesquisa: determinar, primeiramente, a amplitude da desagregação racial institucional da escola após o período do apartheid; apreender, em seguida, o peso dos determinantes sociais que estão em sua base, além das diferenciações raciais, a persistência de fortes desigualdades sociais no acesso à educação; e questionar, enfim, a capacidade que tem o aparelho político para controlar e em que medida esta "força das coisas", que provavelmente exprime tanto as heranças do passado quanto o próprio funcionamento da sociedade sul-africana, atravessada hoje por imposições da globalização e pela perenização das desigualdades socioeconômicas que lhe estão associadas.

Referência(s)