
Aprender a ler entre cartilhas: civilidade, civilização e civismo pelas lentes do livro didático
2004; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 30; Issue: 3 Linguagem: Português
10.1590/s1517-97022004000300009
ISSN1678-4634
Autores Tópico(s)Education Pedagogy and Practices
ResumoEste ensaio tem por objetivo identificar o lugar social ocupado pela cartilha de primeira leitura nos usos e costumes da história da moderna escolarização primária. O propósito do estudo é o de averiguar o entrecruzamento entre o livro didático e as práticas da escola primária, mediante a clivagem analítica do campo da História da Educação. Prescrição, constrição, controle e confronto, o manual didático de ensino das primeiras letras propõe-se a destacar o contexto do letramento como alternativa para a oralidade do mundo infantil. Com tal pressuposto, o trabalho aqui desenvolvido debruça-se sobre a produção didática de um intelectual português de meados do século XIX, Francisco Júlio Caldas Aulete, abordando especificamente a Cartilha nacional de sua autoria. Esse livro de ensinar a ler e a escrever propunha um ensino, a um só tempo, simultâneo, calcado no aprendizado paralelo da leitura e da escrita; e explicitamente contrário à prática da soletração - o que aproximava o modo de ensino prescrito por Caldas Aulete da marcha do que posteriormente se caracterizaria como método analítico de alfabetização. Finalmente, pode-se compreender que o estudo da Cartilha nacional - a despeito de seu caráter tópico - remete a aspectos sócio-históricos de singular relevância, posto que havia ali um rascunho nítido de um projeto de país: civilidade, civismo e civilização eram os dísticos que norteavam a proposta do ensino no rito inicial da escola primária.
Referência(s)