Baianos e paulistas: duas "escolas" de relações raciais?
1999; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 11; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/s0103-20701999000100004
ISSN1809-4554
AutoresAntônio Sérgio Alfredo Guimarães,
Tópico(s)Education Pedagogy and Practices
ResumoOs estudos de relacoes raciais realizados no Brasil entre 1937 e 1956 sao muitas vezes invocados para respaldar a opiniao de que existem diferencas regionais na situacao racial brasileira ou de que diferentes escolas regionais interpretaram diferentemente uma mesma situacao nacional. Nesta comunicacao, examino a rationale destas versoes. Argumento que as divergencias teoricas, metodologicas e interpretativas a que chegaram tais estudos giraram, de fato, em torno da avaliacao critica das obras seminais de Gilberto Freyre e de Donald Pierson. O mais importante, todavia, e que tais estudos chegaram a uma interpretacao da 'situacao racial' brasileira politicamente afastada da problematica norte-americana de assimilacao cultural e integracao do negro a democracia; e voltada, ao contrario, para o ideal nacionalista e desenvolvimentista de redefinicao do povo brasileiro. Gracas a esta geracao de estudiosos, acabou por se estabelecer uma agenda de pesquisa que levava em consideracao, tanto as reivindicacoes dos intelectuais negros, quanto as dos intelectuais nacionalistas; tanto a aspiracao por igualdade social, quanto o desejo de desenvolvimento. Tal agenda acabou por congregar praticamente todos os sociologos e antropologos brasileiros no Brasil nos anos 50 e 60.
Referência(s)