Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Gênero e trabalho noturno: sono, cotidiano e vivências de quem troca a noite pelo dia

2001; Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz; Volume: 17; Issue: 3 Linguagem: Português

10.1590/s0102-311x2001000300018

ISSN

1678-4464

Autores

Lúcia Rotenberg, Luciana Fernandes Portela, Willer Baumgartem Marcondes, Cláudia Roberta de Castro Moreno, Cristiano de Paula Nascimento,

Tópico(s)

Occupational Health and Burnout

Resumo

O artigo trata do impacto do trabalho noturno sob o enfoque de gênero, através de trabalho de campo em uma indústria que emprega homens e mulheres no turno noturno. O estudo se baseia em informações sobre os horários de sono por várias semanas, dados sócio-demográficos e relativos ao trabalho profissional e em entrevistas semi-estruturadas. A metodologia considera aspectos cronobiológicos do sono - essencialmente quantitativos - e elementos discursivos dos/as trabalhadores/as sobre suas vivências - masculinas e femininas - da troca do dia pela noite. Em que pese as questões de gênero e diferenças quanto ao cotidiano, a inversão de horários é sentida de forma intensa por homens e mulheres, permeando diversos aspectos da vida, como a saúde, o lazer, os estudos e as relações amorosas. A análise quantitativa do sono revelou efeitos mais prejudiciais do trabalho noturno sobre as mulheres, particularmente as que têm filhos. Tais padrões do sono se articularam com as expectativas que recaem sobre os gêneros, revelando a profunda interrelação entre o trabalho profissional e a vida doméstica como geradoras de impactos à saúde, o que ressalta o caráter essencial das relações de gênero na compreensão da realidade vivida pelos que trabalham em horários não usuais.

Referência(s)