
Aspectos relevantes da interface entre diabetes mellitus e infecção
2002; Editora da Universidade de São Paulo; Volume: 46; Issue: 3 Linguagem: Português
10.1590/s0004-27302002000300004
ISSN1677-9487
AutoresJaime Luís Lopes Rocha, Hugo C. Baggio, Clóvis Arns da Cunha, Edgard A. Niclewicz, Silmara A.O. Leite, Maria Inêz Domingues Kuchiki Baptista,
Tópico(s)Diabetic Foot Ulcer Assessment and Management
ResumoO diabetes mellitus (DM) é uma doença de alta prevalência nas sociedades modernas, na maioria das vezes com tratamento inadequado ou ausente. Apesar de geralmente considerado como fator de risco independente para ocorrência e gravidade de infecções em geral, o DM não apresenta evidência clínica forte de sua relação com infecção. Observa-se, porém, uma maior ocorrência de certas infecções em pacientes com DM, com curso menos favorável para algumas delas. Há também tipos de infecção quase exclusivos de pacientes com DM. Experimentalmente, observa-se depressão da atividade dos neutrófilos, menor eficiência da imunidade celular, alteração dos sistemas antioxidantes e menor produção de interleucinas. Com relação às infecções comuns, as que envolvem o trato respiratório não têm comprovadamente maior gravidade em pacientes com DM, exceção feita ao pneumococo - por isso a recomendação para sua vacinação contra S. pneumoniae e influenza. Quanto ao trato urinário, há maior ocorrência de bacteriúria assintomática em mulheres com DM, com maiores índices de pielonefrite, necrose papilar, abscesso perinéfrico, pielonefrite xantogranulomatosa, e cistite e pielonefrite gangrenosas. Periodontite e infecções de partes moles são também mais comuns no DM. Cada tipo de infecção é associado a germes típicos, e seu conhecimento é fundamental para um tratamento inicial adequado. As infecções quase exclusivas de pacientes com DM incluem otite externa maligna, mucormicose rinocerebral, colecistite gangrenosa e o somatório de alterações que caracterizam o pé diabético. O conhecimento destas infecções assume maior importância por requererem freqüentemente uma abordagem multidisciplinar, envolvendo endocrinologistas, infectologistas, cirurgiões vasculares e nefrologistas, dentre outros.
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