Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

(Ir)racionalidade médica: os paradoxos da clínica

1992; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Volume: 2; Issue: 1 Linguagem: Português

10.1590/s0103-73311992000100008

ISSN

1809-4481

Autores

Kenneth Rochel de Camargo,

Tópico(s)

Pharmaceutical industry and healthcare

Resumo

O ponto de partida deste trabalho é a tentativa de examinar a prática e o saber médico nas suas articulações internas, em contraste com as análises críticas da medicina que usualmente partem de um ponto de vista externo, com uma abordagem sociológica ou econômica. A partir deste referencial, constata-se que a suposta cientificidade da medicina não se sustenta ao analizar-se seus referenciais teóricos, em especial no que diz respeito àepidemiologia, disciplina fundamental na constituição dos objetos da prática médica - as doenças - desconhecida pela maioria dos médicos. Mais ainda, categorias fundamentais do raciocínio clínico nunca são definidas, como se fossem objetos naturais, dados, o que faz com que a razão principal da busca por atenção médica, o sofrimento, seja marginalizado dentro do pensamento médico, e que o paciente seja apagado para que surja a doença. Por fim, a partir da constatação do caráter eminentemente individualizado do exercício da medicina, o que por si só a afasta do paradigma das ciências naturais, defende-se a adoção de uma atitude científica que permita ao médico questionar as bases de sua prática e recuperar o papel do sofrimento como eixo principal do pensamento médico.

Referência(s)