
Discursos sobre comportamento de risco à saúde e a moralização da vida cotidiana
2010; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA; Volume: 15; Issue: suppl 1 Linguagem: Português
10.1590/s1413-81232010000700081
ISSN1678-4561
AutoresMarcos Bagrichevsky, Luís David Castiel, Paulo Roberto Vasconcellos-Silva, Adriana Estevão,
Tópico(s)Global Public Health Policies and Epidemiology
ResumoO texto aborda criticamente a polaridade entre discursos sobre estilos de vida saudáveis e sedentarismo no contexto dos novos recursos tecnológicos de busca e disseminação de informações em saúde. Argumenta-se que a racionalidade tecnocientífica contemporânea fez emergir uma "economia das verdades" que, na perspectiva de conduzir a estilos de vida seguros, tem prescrito um ideário normativo de autodisciplina gerador de angústias e de consumo de artefatos agenciadores de gastos calóricos. Na produção hegemônica desses regimes de verdade, o sedentarismo se apresenta como conduta de risco à saúde, equivalendo à falência moral e inaceitável falta de cuidado consigo. Enfatiza-se que a profusão de discursos sobre estilos de vida e risco, tomados como dispositivos biopolíticos imbricados nos processos comunicacionais em saúde, merece foco por suas implicações éticas e políticas. A espetacularização de modos de vida associados ao consumo e a produção de narrativas que influenciam perversamente nossa cultura têm nos distanciado de uma noção de saúde socialmente possível. Discute-se, enfim, a essência reguladora de tais referentes simbólicos na construção de sistemas de conhecimento que vêm (re)definindo o que é ser saudável, normal, doente.
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