
Repensando a escolha racional e a teoria da agência: fazendeiros de gado e capatazes no século XIX
2000; National Association of Post-Graduate Research in Social Sciences; Volume: 15; Issue: 43 Linguagem: Português
10.1590/s0102-69092000000200006
ISSN1806-9053
Autores Tópico(s)Rural Development and Agriculture
ResumoO artigo explora o valor e os limites da teoria da agência por meio da comparação das relações entre fazendeiros de gado e capatazes no Rio Grande do Sul e em Buenos Aires nas primeiras décadas do século XIX. Considera que a teoria da agência e a abordagem da escolha racional baseiam-se em uma teoria da ação deficiente, pressupondo atores pré-sociais, que usam uma racionalidade universal, embora possam ser úteis para identificar certos dilemas centrais na relação entre principal e agente e para delimitar o conjunto das soluções viáveis. Como os atores geralmente não tentam otimizar suas escolhas, mas buscam soluções satisfatórias para os problemas que encontram, somente a história e a cultura explicam a "escolha" de um dos arranjos viáveis e não de outro. O contexto e a experiência se internalizam no habitus e na consciência prática dos atores, que moldam a definição dos problemas e as estratégias para resolvê-los. Os fazendeiros estudados neste artigo abordavam questões semelhantes de agência de maneiras diferentes. Parte da divergência devia-se aos contextos, mas muito dela se relacionava aos habitus distintos, decorrentes da origem do portenho na classe dos grandes comerciantes coloniais, sem experiência rural, e da origem do gaúcho na elite dos militares fazendeiros, dependentes do Estado. Nos dois casos, a interação repetida através do tempo levou a mudanças importantes na relação entre fazendeiro e capataz, dificilmente explicáveis pela escolha racional.
Referência(s)