Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Colestase neonatal prolongada: estudo prospectivo

1999; Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas de Gastroenterologia (IBEPEGE); Volume: 36; Issue: 4 Linguagem: Português

10.1590/s0004-28031999000400005

ISSN

1678-4219

Autores

Elizabeth Teixeira Mendes Livramento PRADO, María de Fátima Araújo, J. V. M. Campos,

Tópico(s)

Esophageal and GI Pathology

Resumo

Em razão da urgência de se decidir por um tratamento clínico ou por uma intervenção cirúrgica imediata, o estudo da colestase neonatal prolongada envolve dois objetivos básicos: o diagnóstico diferencial entre atresia biliar e hepatite neonatal e a pesquisa dos agentes etiológicos associados. Desta maneira, através de estudo prospectivo desenvolvido na década de 1970, foram avaliadas 77 crianças portadoras de colestase neonatal prolongada para estabelecer o diagnóstico diferencial entre atresia biliar e hepatite neonatal e, numa segunda fase, 108 crianças, visando esclarecer a etiopatogenia da colestase neonatal prolongada. Os resultados do diagnóstico diferencial revelaram que, dos 18 atributos avaliados, apenas oito mostraram-se bons indicadores de atresia biliar, em ordem decrescente: ductos proliferados (espaço-porta), fibrose (espaço-porta), colestase (espaço-porta), cor das fezes -- acolia, hepatomegalia, colestase canalicular (lóbulo), infiltrado (espaço-porta), células gigantes (lóbulo). Estes oito atributos foram então compostos, mediante uma ponderação, em um único indicador de grande poder discriminativo, capaz de decidir o diagnóstico diferencial em 99% dos casos. Quanto à etiopatogenia, registrou-se: vírus rubéola 0%, vírus herpes simples 0%, listeriose 0%, citomegalovirose 2,2%, vírus hepatite B 2,4%, toxoplasmose 2,8%, deficiência de alfa-1-antitripsina 13,1%, sífilis 21,1 %, auto-anticorpos hepáticos 58,4%. O trabalho desenvolvido mostra que as 8 variáveis mais decisivas, como indicadoras diferenciais entre atresia biliar e hepatite neonatal, permanecem como índices fundamentais, auxiliando, em conjunto com novos métodos diagnósticos, na composição de uma estratégia multifatorial cada vez menos invasiva e mais precisa. O estudo da etiopatogenia, dependente das condições epidemiológicas locais e da época, com a introdução de novos métodos diagnósticos, torna-se atualmente cada vez mais completo e abrangente, evoluindo para a ideal diminuição progressiva dos processos idiopáticos.

Referência(s)