Entrevista com Jack Goody
2004; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Volume: 10; Issue: 22 Linguagem: Português
10.1590/s0104-71832004000200013
ISSN1806-9983
AutoresMaria Lúcia Pallares‐Burke, Peter Burke,
Tópico(s)Caribbean history, culture, and politics
ResumoEsta entrevista, realizada em junho de 2004, por Maria Lucia Pallares-Burke e Peter Burke – historiadores de Cambridge, especialmente paraHorizontes Antropologicos – focaliza a importância do tema da culturaescrita na trajetoria intelectual do eminente antropologo ingles Jack Goody,nascido em 1919. Conhecido entre os antropologos por sua importanteatuacao como africanista e etnohistoriador, Goody notabilizou-se para ogrande publico como um dos teoricos da “grande partilha” entre oralidade eescrita. Goody tem defendido, com bastante coerencia e originalidade, queno âmago da cultura escrita habita uma especie de “razao grafica” quesempre faz a diferenca, desde que aparece e se dissemina. Ficamos sabendoque a preocupacao com a escrita persegue-o desde que se viu sem nenhumlivro em campos de prisioneiros, durante a Segunda Guerra. Como umprofeta nao reconhecido em sua propria terra, nao e sem um certodesencanto que Goody recorda a pouca aceitacao de seus trabalhos sobrea escrita entre os antropologos – ao contrario de sociologos, historiadores epsicologos, admiradores da primeira hora. Capaz de sentir-se a vontade tantoentre nativos de tribos africanas quanto entre os antigos gregos, semitas eegipcios, e com notavel vigor intelectual que Goody rebate as objecoeshistoricistas e relativistas mais recentes a tese da importância radical dacultura escrita, a ele associada, assim como enfrenta abertamente acomparacao entre a escrita e as novas tecnologias virtuais.
Referência(s)