Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Argentina: uma crise paradigmática

2002; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 16; Issue: 44 Linguagem: Português

10.1590/s0103-40142002000100006

ISSN

1806-9592

Autores

Paulo Nogueira Batista,

Tópico(s)

Economic Theory and Policy

Resumo

CRISE ECONÔMICA da Argentina constitui uma experiência paradigmática.O seu desfecho terá influência sobre a percepção internacional de diversas questões importantes ou potencialmente importantes para o Brasil.Por exemplo: a viabilidade do Mercosul, as negociações relativas à eventual formação de uma área de livre comércio nas Américas, a sobrevivência das moedas nacionais na periferia do sistema internacional, o futuro dos mercados "emergentes" e seu acesso a crédito externo, o papel do FMI e de outras entidades multilaterais de financiamento, a validade da moratória como instrumento de negociação e proteção do devedor, o formato e as modalidades de reestruturação de dívidas soberanas.Tudo isso está em jogo no caso argentino.Nos últimos 10 anos, a Argentina foi transformada em uma espécie de laboratório para as doutrinas e políticas econômicas preconizadas pelo chamado Consenso de Washington.Poucas nações, mesmo na América Latina, foram tão longe em matéria de liberalização, integração internacional e cessão unilateral de aspectos essenciais da autonomia da política econômica nacional.No campo monetário e cambial, a Argentina regrediu, entre 1991 e 2001, ao currency board (conselho da moeda) concebido no século XIX para as colônias africanas, asiáticas e caribenhas da Inglaterra e outras metrópoles européias (1).Não obstante o seu anacronismo, o modelo monetário implantado pelo ministro Cavallo, no primeiro governo Menem, era elogiado, até há poucos anos, urbi et orbi -e apontado como exemplo a ser seguido por países como o Brasil, o México, a Rússia e diversos outros.Com a introdução do currency board, por meio da lei de conversibilidade de 1991, a moeda argentina permaneceria, por mais de 10 anos, atrelada ao dólar dos EUA na paridade de um para um.O modelo do currency board, recomendado particularmente para países que, como a Argentina, experimentaram crises monetárias agudas e prolongadas, é uma variante rígida da ancoragem cambial.As suas características principais são:• a fixação da taxa de câmbio em relação ao dólar (ou alguma outra moeda de credibilidade internacional);• a conversibilidade (a eliminação de restrições à transformação de moeda nacional em moeda estrangeira e vice-versa); Argentina

Referência(s)