
Apresentação do número temático Avaliação do Estado de Conservação dos Ungulados
2012; Issue: 1 Linguagem: Português
10.37002/biobrasil.v%vi%i.232
ISSN2236-2886
AutoresBeatriz de Mello Beisiegel, José Maurício Barbanti Duarte, Emília Patrícia Medici, Alexine Keuroghlian, Arnaud Léonard Jean Desbiez,
Tópico(s)Zoonotic diseases and public health
ResumoEste terceiro numero da Biodiversidade Brasileira apresenta os resultados da avaliacao do estado de conservacao dos mamiferos ungulados brasileiros, as antas, porcos-do-mato e veados. Esta avaliacao responde a uma grande urgencia de enfocar o estado de conservacao destas especies, ja que embora apenas duas tenham sido reconhecidas como ameacadas pela presente lista oficial, o cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus e o veado-mao-curta Mazama nana, ambas na categoria Vulneravel, algumas delas ja desapareceram de imensas areas do pais. Entre os ungulados encontra-se o maior mamifero terrestre brasileiro, a anta Tapirus terrestris . Mesmo as menores especies, o veado-mao-curta e o veado-catingueiro Mazama gouazoubira , sao grandes em comparacao com a maioria dos mamiferos terrestres brasileiros. Consequentemente, todas as especies do grupo sofrem intensa pressao de caca, diferindo, entretanto, na capacidade de suportar e recuperar-se das perdas populacionais decorrentes desta pressao. Outras ameacas ainda pesam sobre estas especies, como desmatamento, degradacao da qualidade ambiental, doencas disseminadas por animais domesticos e isolamento genetico. Embora aparentemente incoerente com o grande porte das especies, a falta de dados basicos sobre taxonomia e distribuicao geografica ainda e um problema para a conservacao de alguns dos ungulados brasileiros. A distribuicao geografica do veado-galheiro Odocoileus virginianus no pais e praticamente desconhecida; os veados mateiro e roxo, Mazama americana e Mazama nemorivaga , podem representar, cada um, mais de uma especie; e uma das especies deste grupo, o veado-mateiro-pequeno Mazama bororo , foi recentemente descrita, mesmo ocorrendo na regiao sudeste, a mais pesquisada do pais. O estado de conservacao dos biomas brasileiros nao e o mesmo; enquanto a Amazonia e o Pantanal ainda possuem vastas extensoes de ambiente adequado para as especies de grande porte, os demais biomas ja se apresentam em grande parte degradados e os problemas de conservacao das especies nos remanescentes destes biomas sao mais criticos do que no restante do pais. Desta forma, a avaliacao do estado de conservacao das antas Tapirus terrestris , queixadas Tayassu pecari e catetos Pecari tajacu adotou a abordagem inovadora de avaliar separadamente o estado de conservacao das especies em cada um dos biomas. Desta forma, procuramos possibilitar a adocao de medidas de conservacao adequadas a situacao das especies em cada bioma, impedir que as grandes populacoes presentes na Amazonia e no Pantanal mascarem os graves problemas enfrentados pelas especies em outros biomas e, tambem, chamar a atencao para o fato de que mesmo nestes dois biomas mais conservados as populacoes podem vir a declinar seriamente, dadas as atuais tendencias de perda de habitat nos mesmos. Os resultados destas avaliacoes sao eloquentes: por exemplo, o queixada foi classificado como Criticamente em perigo (CR) na Mata Atlântica e a anta esta Regionalmente extinta (RE) na Caatinga e Em perigo (EN) na Mata Atlântica, embora ambas tenham sido classificadas como Menos preocupantes (LC) na Amazonia e Vulneraveis (VU) no Brasil como um todo. Para cervideos, por outro lado,considerou-se que as avaliacoes estaduais respondem a necessidade de caracterizacao regionalizada do estado de conservacao das especies; apenas para os veados-campeiros Ozotoceros bezoarticus adotou-se uma avaliacao distinta para as duas subespecies, tendo em vista as diferentes ameacas a que estao submetidas. Estas avaliacoes chegaram a mesma classificacao – Vulneravel (VU), porem os criterios utilizados para atingir esta classificacao evidenciam a situacao mais preocupante da subespecie O. b. bezoarticus , que ocorre no Cerrado. Desta forma, no presente numero da Biodiversidade Brasileira apresentamos o estado de conservacao de nossos ungulados com os enfoques adequados a cada especie e grupo. Esperamos com isto contribuir para um avanco efetivo nas politicas de conservacao destes animais.
Referência(s)