
Responsabilidade Social Corporativa: um duplo olhar sobre a Reduc
2013; UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE; Volume: 14; Issue: 6 Linguagem: Português
10.1590/s1678-69712013000600005
ISSN1678-6971
AutoresHélio Arthur Reis Irigaray, Sylvia Constant Vergara, Márcio Cesar Franco Santos,
Tópico(s)Social and Economic Solidarity
ResumoA Responsabilidade Social Corporativa (RSC) tem sido objeto de discussão tanto nos meios empresariais quanto nos acadêmicos, já tendo sido retratada como estratégia que pode contribuir para o desempenho financeiro das empresas, uma resposta estratégica a pressões institucionais sofridas pelas empresas, um mero discurso de marketing, ou ainda, uma atividade pós-lucro. A discussão sobre o tema permanece centrada nas organizações e os outros agentes (stakeholders) são, geralmente, tratados como satélites coadjuvantes. A proposta deste estudo é deslocar o eixo da discussão sobre Responsabilidade Social Corporativa (RSC), da empresa para a sociedade civil e responder à seguinte questão investigativa: em que medida o discurso e as práticas da Petrobras são congruentes, sob a ótica da comunidade que vive ao redor da Refinaria Duque de Caxias (Reduc)? Fundamenta-se na crença de que algo essencial se perdeu na busca por soluções meramente técnico-instrumentais, as quais resultaram na geração de uma sociedade mercadocêntrica, utilitarista e calculista. Ao contrário de outros estudos que objetivaram analisar a correlação entre RSC e retorno financeiro, políticas públicas ou investimento social, neste busca-se analisar o discurso da Petrobras sobre RSC e confrontá-lo com o olhar dos habitantes da comunidade de Campos Elísios, localizada em Duque de Caxias, a qual é vizinha da refinaria, sobre o impacto das operações desta. Entendeu-se a necessidade de se dar voz aos que são marginalizados e esquecidos nos discursos oficiais, no caso, a comunidade de Campos Elíseos. Para tal, foi realizada na comunidade uma pesquisa inspirada na etnografia e suas variantes, como a autoetnografia e a fotoetnografia, e foi constatado que a imagem que a Petrobras comunica externamente em suas políticas de segurança, saúde e meio ambiente (ter uma grande virtude cívica, pautando suas atividades por práticas ecológica e politicamente corretas) não é compartilhada pela comunidade. Entende-se que as organizações devam prestar contas não só aos seus acionistas, mas também aos empregados, mídia, governo e às comunidades nas quais operam e com as quais interagem. Advoga-se a democratização do processo decisório organizacional, o qual deveria se dar sobre as bases de um diálogo mais participativo com todos os parceiros sociais.
Referência(s)