As transformações nos conceitos de literatura e história no Brasil: rupturas e descontinuidades (1830-1840)

2009; UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA; Issue: 20 Linguagem: Português

ISSN

2317-6725

Autores

Valdei Lopes de Araújo,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

Este artigo estuda as mutacoes no conceito de literatura e na concepcao de uma historia literaria como sintoma de transformacoes discursivas mais amplas centradas em deslocamento da experiencia do tempo. Procura-se caracterizar estes deslocamentos como um processo geral de historicizacao da realidade. Paralelamente, busca-se entender como essas reflexoes estetico-literarias pressupunham e colaboravam para a emergencia de um novo campo de experiencia, que seria depois resumido em um novo conceito de historia. O texto foi dividido em duas secoes principais, pressupondo haver uma significativa descontinuidade entre os dois periodos analisados em cada secao. Na primeira parte sao analisadas duas interpretacoes sobre a historia literaria lusobrasileira representados pelos textos “Parnaso Brasileiro” do Conego Januario da Cunha Barbosa e “Parnaso Lusitano” de Almeida Garrett. A segunda parte do artigo esta concentrada no exame do programa de uma Historia da Literatura Brasileira proposta nas paginas da Revista Niteroy, em especial as concepcoes de Goncalves de Magalhaes. Embora a distância temporal entre o “Parnaso” de Januario e os escritos de 1836 de Magalhaes seja de alguns poucos anos, procura-se demonstrar que a concepcao de literatura, historia e a experiencia do tempo sao profundamente distintas. A analise que segue procura demonstrar que embora possam ser tracadas linhas de continuidade entre o projeto de Januario e o do romantismo posterior, e tambem possivel e desejavel revelar as descontinuidades entre os dois momentos/projetos literario-historiograficos. Certamente o proprio Conego perceberia mais tarde as novas direcoes que a concepcao culturalista de nacao imporia a projetos dessa natureza, mas em 1829, ao iniciar a composicao de seu Parnaso, esses instrumentos conceituais nao estavam disponiveis, dai a importância de analisa-lo no contexto da geracao da Independencia, ainda profundamente imbuida dos ideais neoclassicos. Nesse artigo, procuramos apontar justamente para aquilo que, estando em Januario, nao podera mais ser identificado no modelo hegemonico de historia literaria que encontrou sua primeira sintese no texto fundador escrito por Goncalves de Magalhaes em 1836.

Referência(s)