
Caracterização da matriz extracelular intratumoral como potencial indicador prognóstico para mastocitomas cutâneos caninos (projeto em andamento)
2015; Volume: 13; Issue: 1 Linguagem: Português
ISSN
2596-1306
AutoresJ Daniel, Camila Neri Barra, Lidia Hildebrand Pulz, Sílvia Regina Kleeb, José Guilherme Xavier, Adriana Tomoko Nishiya, José Luiz Catão‐Dias, Heidge Fukumasu, Ricardo de Francisco Strefezzi,
Tópico(s)Oral and Maxillofacial Pathology
ResumoIntroducao: O Mastocitoma, um dos tumores de pele mais comuns em caes, representa cerca de 25% de todas as neoplasias cutâneas malignas nestes animais. A alta frequencia em racas originarias dos Bulldogs sugere a existencia de uma predisposicao hereditaria [1,2,3,4]. A avaliacao prognostica em casos de mastocitomas cutâneos caninos e realizada de acordo com a graduacao proposta por Patnaik et al. [7] e ainda norteia a conduta da maioria dos medicos veterinarios diante dessa neoplasia. No entanto, tal criterio de classificacao e considerado subjetivo [8], estimulando pesquisas com marcadores prognosticos complementares ou mais objetivos [3]. O microambiente tumoral e formado pela associacao de componentes quimicos e biologicos, como a vascularizacao do tecido e a matriz extracelular (MEC). Sabe-se que a interacao entre celulas cancerosas e o microambiente pode promover o crescimento de um tumor e de protege-lo do ataque imunologico [5]. A MEC e formada por diversas substâncias, como colageno e elastina, algumas delas podem se ligar a fatores de crescimento durante a proliferacao celular tumoral, limitando sua difusao. A angiogenese, tambem pode ser inibida ou estimulada de acordo com a composicao da MEC. Enzimas como as metaloproteinases de matriz facilitam a invasao e, consequentemente, a disseminacao e as metastases, por alterarem a estrutura do colageno intersticial [6]. O presente trabalho foi delineado para investigar a existencia de variacoes dos constituintes da MEC entre os diferentes graus histopatologicos de mastocitomas cutâneos caninos, considerando as duas propostas de graduacao mais utilizadas [9,7]. Materiais e metodos: Foram utilizados 73 casos de mastocitomas cutâneos caninos, corados pelas tecnicas de Tricromio de Masson e Picrossirius, para identificacao de colageno e de Verhoeff, para elastina [10]. Das lâminas coradas pelo Tricromio de Masson foram obtidas imagens de cinco campos intratumorais representativos em cada lâmina, a objetiva de 40x. Observadas em microscopio optico com câmera digital de alta definicao (Leica DM500 e ICCD50 HD) e software para captura de imagens (Leica LAS EZ). A area contendo colageno em cada campo foi mensurada com a selecao dos tons de azul, utilizando-se o software ImageJ. A media dos cinco campos resultou no indice de colageno. As lâminas coradas pela tecnica de Verhoeff foram analisadas com a mesma metodologia. Para as lâminas coradas pela tecnica de Picrossirius, foi utilizado o microscopio com luz polarizada com câmera digital (AxioImager. A2 e Axiocam MRc, Zeiss) e software para captura de imagens (AxioVision, versao 4.9.1, Zeiss). Foram obtidas tres imagens intratumorais representativas da lâmina, a objetiva de 20x. Os tipos de colageno (tipo I, em tons de amarelo-laranja-vermelho, ou III, em verde) estao sendo analisadas com software Image ProPlus (Media Cybernetics). As medias de porcentagem da area ocupadas por tipo de colageno serao seus respectivos indices de colageno. Para comparacao entre indices de colageno e elastina de cada amostra e os graus histopatologicos foram utilizados os testes de ANOVA/Kruskal-Wallis e Mann-Whitney, com nivel de significância de 5%, utilizando o software Graphpad Prism. Resultados e Discussao: Os resultados obtidos com as marcacoes com Tricromio de Masson confirmaram a existencia diferencas significantes em relacao a quantidade de colageno entre os graus histopatologicos de Patnaik et al. [7] (p=0,0012), principalmente entre os graus II e III (p<0,05) e os graus I e III (p<0,01) (Figura 1). De modo semelhante, quando sao comparados aos graus propostos por Kiupel et al. [9], a analise estatistica confirma a existencia de diferencas extremamente significantes (p<0,0001) quanto a area ocupada por colageno entre os graus de malignidade do tumor (Figura 2), com menor quantidade de colageno para os tumores de alto grau em relacao aos classificados como de baixo grau. O metodo de Picrossirius permitiu a visualizacao das fibras colagenas tipo I, mais espessas e birrefringentes com tonalidades laranja, amarelo e vermelho, bem como as fibras do tipo III, mais delicadas e dispersas, com birrefringencia verde. Foi observada a presenca de grande quantidade de fibras elasticas na pele normal e em arteria elastica, nos controles utilizados. Entretanto, as mesmas se apresentaram em minimas proporcoes em mastocitomas cutâneos caninos. As quantificacoes destas marcacoes histoquimicas encontram-se em andamento em nosso laboratorio. O colageno, maior constituinte da MEC na pele integra, encontra-se diminuido em mastocitomas, sendo sua quantidade menor quanto maior o grau de malignidade desses tumores. Esta caracteristica havia sido descrita por Patnaik et al. [7], mas nao foi confirmada por analises quantitativas e qualitativas. Novas investigacoes sao necessarias para a elucidacao dos mecanismos de interacao desses componentes. Pulz, 201411 verificou que a expressao de metaloproteinases de matriz e seus inibidores, particularmente a proteina TIMP-1, tem valor prognostico nesta neoplasia. Sendo assim, a preservacao e/ou a sintese de colageno possuem potencial para se tornarem alvos terapeuticos para mastocitomas. A diferenciacao entre os tipos de proteinas presentes na MEC tambem pode interferir na progressao tumoral, ja que as metaloproteinases possuem especificidade por substrato. A elastina esta presente em grande quantidade nos tecidos que requerem propriedades fisicas de elasticidade como arterias e ligamentos e encontra-se tambem em menor quantidade na pele (SANTOS et al., 2004). Entretanto, foram encontradas quantidades minimas de tal substância em fragmentos de pele de caes acometida por mastocitomas. Como controle positivo para a tecnica de Verhoeff, foi realizada a coloracao de cortes histologicos de arterias, onde e sabida a presenca de fibras elasticas. A observacao da elastina presente na pele integra revela a presenca de uma quantidade superior a encontrada nos mastocitomas. Essa reducao na proporcao de elastina pode tambem estar relacionada com a progressao tumoral, porem nao foi verificada tal associacao, pois o processo de quantificacao da mesma ainda esta em andamento. Conclusao: Mastocitomas de maior grau histopatologico apresentam menor quantidade de colageno intratumoral, e a quantificacao dessa proteina pode auxiliar na sua classificacao.
Referência(s)