
Parmênides e Heráclito: diferença e sintonia
2010; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Volume: 51; Issue: 122 Linguagem: Português
10.1590/s0100-512x2010000200004
ISSN1981-5336
Autores Tópico(s)Seventeenth-Century Political and Philosophical Thought
ResumoO artigo mostra como os pensamentos de Parmênides e de Heráclito estão em sintonia, na medida em que ambos denunciam o caráter ilusório da compreensão comum, constantemente cega ao que, aparentemente invisível, justamente os conduz a investigar a respeito da natureza (perì phýseos). Habitualmente não vemos aquilo que Parmênides vê, ou seja, que a verdade é que só há o ser e que o não-ser absolutamente não há. Não percebemos que tudo o que, de algum modo, nomeamos não-ser já é, e, portanto, nesse sentido, o não-ser é somente uma ilusão. Não entendemos que a totalidade do ser sendo unicamente o que é, sendo sempre o agora - não este ou aquele agora determinado - é necessariamente imóvel porque abarca tudo. Tampouco vemos o que Heráclito indica, isto é, que a verdade é que só há uma e a mesma conjuntura sempre dinâmica do jogo dos contrários, uma guerra originária, e que a habitual percepção dos entes particulares em isolamento uns em relação aos outros é também, por sua vez, apenas ilusória. Só vemos cada coisa em sua particularidade isolada, como se cada uma pudesse ser algo acabado e fixo. Esses dois pensadores operam no plano da inteligibilidade do princípio enquanto tal, para além da compreensão imediata do homem comum. Ainda que variem as perspectivas desde as quais cada um nomeia a dimensão que permanece invisível ao homem que não filosofa, ambos afirmam a unidade e 'mesmidade' no e do princípio.
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