Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Quando as ruas abrigam a arte: a cena hip hop no Recife (1980-2014)

2015; Couffy-sur-Sarsonne; Volume: 25; Linguagem: Português

10.4000/confins.10426

ISSN

1958-9212

Autores

Cristiano Nunes Alves,

Tópico(s)

Music History and Culture

Resumo

Operacionalizando a noção de cena, cara a estudo da produção artística nos lugares, analisa-se a espessura da cultura hip hop no Recife, desde os anos 1980 até os dias atuais. Desenvolve-se uma abordagem pautada no cotidiano enquanto dimensão geográfica, problematizando-se os nexos entre a cultura hip hop, a ação dos sujeitos nos lugares e o abrigo da comunicação na metrópole. Para esmiuçar a Cena Hip Hop em Recife, além do levantamento bibliográfico e documental sobre a temática, foram fundamentais os trabalhos de campo, reunindo dessa forma, um importante campo de informação primária. Propõe-se uma periodização para o hip hop na Região do Recife, destacando-se dois momentos estruturantes da cultura das ruas: observa-se que esta manifestação se difundiu a partir dos bailes de música negra e do break, expressão corporal do hip hop, passando pela institucionalização do movimento, culminando com a situação atual, que perdura desde meados dos anos 1990, na qual o gênero musical rap predomina na Cena Hip Hop da Região do Recife. Momentos de encontro e articulação, sinalizando para a ocupação das ruas e demais espaços públicos no centro da Cidade do Recife por parte de sujeitos periféricos, as rodas de break, eventos geográficos de pulsante repercussão espacial, influenciaram sobremaneira a dinâmica de um momento inicial do hip hop recifense, preponderando grosso modo, ao longo de toda a década de 1990. A cena contemporânea movimentada em torno do rap indica que a Região do Recife, sobretudo em seus subúrbios, abriga cerca de 70 grupos, além de duas pequenas gravadoras e sete estúdios fonográficos especializados na produção da música da cultura das ruas. Hoje, por meio da Cena Rap, articula-se a Região do Recife a uma série de lugares na rede urbana brasileira. Notou-se que por meio das ações de um grupo de sujeitos, grande parte deles periféricos, o hip hop se tornou um elemento constitutivo da urbe. Trata-se de práticas a um só tempo mais vertidas à satisfação artística e à reivindicação dos direitos essenciais à condição cidadã, do que direcionadas ao ganho econômico.

Referência(s)