
Os mestrados profissionais em ensino das ciências da natureza no Brasil
2015; UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO; Volume: 21; Issue: 3 Linguagem: Português
10.1590/1516-731320150030001
ISSN1980-850X
AutoresFernanda Ostermann, Flávia Rezende,
Tópico(s)Education Pedagogy and Practices
Resumoda Capes tem apresentado um crescimento significativo dos cursos de mestrado profissional, sendo, atualmente, o numero desses cursos maior que os de mestra-do academico. Essa modalidade de pos-graduacao pode ser atribuida a influencia das politicas educacionais propostas por organismos internacionais, como a Organizacao de Cooperacao e Desenvolvimento Economico (OCDE) e o Banco Mundial (BM), para paises centrais e pe-rifericos, visando a adequacao da educacao as exigencias do mercado mundial e a nova etapa de internacionalizacao do capitalismo. Nesta agenda, a educacao em servico e vista como a forma mais barata e eficiente de formar professores; e a melhoria da qualidade da educacao e atribuida exclusivamente aos docentes por meio do desempenho escolar dos estudantes, em geral, medido por testes de grande escala. Tais concepcoes encontram-se, em grande parte, naturalizadas nas politicas educacio-nais recentes e na literatura sobre a formacao docente publicada no Brasil e em outros paises, reforcando, tambem, a ideia de que os professores nunca estao preparados e precisam ser constantemente (re)formados e avaliados. Como consequencia, em diferentes paises, tem sido priorizada a prestacao de contas do professor e propostas politicas que diferenciam salarios de acordo com um suposto merito mensurado por avaliacoes externas.Ao ser direcionada por estas concepcoes, a politica de implantacao dos mestrados profissionais deixa de lado a questao da pouca atratividade da carreira docente. E com esta preocupacao que vozes mais criticas tem apontado que toda politica de formacao docente deve ser integrada a estruturacao da carreira, a politica salarial que assegure dignidade ao professor e garantia de condicoes adequadas de trabalho, o que, segundo Maues (2011), nao sao acoes visadas pela agenda da OCDE.Assim, a politica de formacao continuada por meio dos mestrados profissionais nao consegue reverter a carencia de professores da Educacao Basica por nao propiciar melhorias profissionais significativas e, tambem, porque a maioria dos professores egressos desses cur-sos nao permanece na escola em que lecionava, migrando para o Ensino Superior ou para os Institutos Federais de Educacao, Ciencia e Tecnologia (SCHAFER, 2013). Este fenomeno, que pode ser comum a muitos cursos semelhantes no pais, acaba por nao so nao suprir, como aumentar a carencia de professores da rede publica estadual, onde se encontra a maior demanda por matriculas no Ensino Medio.
Referência(s)