Eça de Queirós and the Victorian Press by Teresa Pinto Coelho
2015; American Association of Teachers of Spanish and Portuguese; Volume: 98; Issue: 4 Linguagem: Português
10.1353/hpn.2015.0127
ISSN2153-6414
Autores Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoReviewed by: Eça de Queirós and the Victorian Press by Teresa Pinto Coelho Rogerio Miguel Puga Pinto Coelho, Teresa. Eça de Queirós and the Victorian Press. Woodbridge: Boydell, 2014. Pp. 227. ISBN 978-1-85566-268-1. Eça de Queirós and the Victorian Press, de Teresa Pinto Coelho, é um contributo pioneiro para a compreensão da obra de Eça de Queirós, nomeadamente do seu cariz anglófilo, uma vez que estudos queirosianos ocuparam-se até à data sobretudo da influência da cultura francesa na atividade literária do autor. A obra de Teresa Pinto Coelho permite-nos desvendar as influências da imprensa britânica nos projetos jornalísticos de Eça a partir de 1888, quando ele já residia em Paris, e revela que o autor pretendia (in)formar uma opinião pública mais crítica através das revistas que fundou e daquelas com que colaborou. Esta versão do estudo consiste na tradução de Londres em Paris: Eça de Queirós e a Imprensa Inglesa (Lisboa, 2010) e é enriquecida pelo prefácio de Thomas Earle (Universidade de Oxford), que contextualiza o jornalismo (anglo-português) de Eça ao recordar a história da mais antiga aliança do mundo ocidental e as consequentes relações políticas, culturais e literárias entre Portugal e a Grã-Bretanha até ao século XIX. Eça de Queirós and the Victorian Press é útil não apenas a estudantes e investigadores [End Page 833] no âmbito dos estudos pós-coloniais, culturais, queirosianos, vitorianos e anglo-portugueses, mas também dos estudos dos média (portugueses e brasileiros) e da imagologia. Aliás, muitos dos textos jornalísticos e epistolares de Eça publicados na obra e nos quatro anexos só agora foram traduzidos para inglês e são, decerto, úteis aos leitores anglófonos. Durante os catorze anos que viveu no Reino Unido (1874–88), e antes de se mudar para Paris, Eça foi cônsul em Newcastle e Bristol, e, como conclui Teresa Pinto Coelho, “not enough attention has been payed to his long stay in England and the role it played in his intellectual development. … Eça is physically in Paris but mentally, intellectually, in London” (176). Eça de Queirós and the Victorian Press preenche assim uma lacuna no âmbito dos estudos anglo-portugueses e queirosianos e do estudo das imprensas anglófona e lusófona, acompanhando o percurso jornalístico de Eça e o da imprensa britânica e norte-americana do final do século XIX, desde o jornalismo conservador das revistas de qualidade ao New Journalism. Com base quer na sua investigação em diversos arquivos, como a Biblioteca Nacional de Portugal e o arquivo pessoal de Eça de Queirós, quer na consulta de periódicos europeus e americanos e de outras fontes, Teresa Pinto Coelho analisa a intervenção literária, política e cultural de Eça na imprensa de língua portuguesa e a influência dos periódicos britânicos nessa atividade, nomeadamente nos projetos Revista de Portugal (publicação irregular entre Julho de 1889 e Maio de 1892, que Eça planeou em Bristol), Suplemento literário da gazeta de notícias (Rio de Janeiro, Janeiro-Junho 1892), que ele dirigiu e modificou segundo os modelos da imprensa vitoriana, e “O Serão”, que não passaria de um projeto (1894–96) de Eça e Alberto de Oliveira. Como a autora esclarece, esses três periódicos “testify to the fact that Eça’s admiration for English culture and literature was much more complex than critics have acknowledge. They also reveal an Eça who was an unequivocal Anglophile during his much desired but disenchanted years in Paris … drifting further and further away from the French cultural model” (4). O estudo da influência do modelo anglófono na actividade jornalística de Eça e a recepção dessa actividade pelo público permite à autora analisar a intervenção cultural e social, bem como a função didática da imprensa enquanto fenómeno moderno internacional...
Referência(s)