Artigo Revisado por pares

A crítica literária no jornal

1994; Volume: 7; Issue: 14-15 Linguagem: Português

10.1353/ntc.1994.0008

ISSN

1940-9079

Autores

Sílvíano Santiago,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

A CRITICA LITERARIA NO JORNAL SILVIANO SANTIAGO Universidade Federal Fluminense-Niterói, RI A principal intençâo deste trabalho é a de apresentar algumas idéias de caráter atual sobre as relacóes entre produtor/produçâo literaria e o espaço da circulaçâo das ' éias circunscrito pela imprensa escrita nao-especializada . Vale dizer que é nosso intéresse ver como tanto o escritor literario quanto o professor universitario podem vir a participar de maneira sistemática — em beneficio da literatura, da universidade, da imprensa e até em beneficio proprio— dos grandes jomáis e revistas de circulaçâo nacional e internacional. O bom relacionamento entre as partes já existe nos países hegemônicos. Na América Latina se faz urgente a discussâo dos problemas que envolvem essa reaproximaçâo na medida em que o escritor se profesionaliza enquanto tal e o professor universitario começa a ter questionada a torre de marfim do campus. No Brasil alguns jornais (A Folha de Sao Paulo, Jornal do Brasil, O Estado de Sao Paulo, etc.) e revistas (Veja, Isto é) respondent de maneira sensível e intermitente ao problema. Um primeiro estudo sobre essas relacóes pode abrir caminho para urna discussâo atual sobre pelo menos dois pontos: o beco-sem-saída em que se encontram tanto o género ensaio quanto a crítica literaria participante. Aquele fenece por excesso de pedantismo e de notas de pé-de-página; esta deixa de ser um exercício criterioso da razáo individual. Esses dois pontos, por sua vez, podem se desdobrar ñas tres questóes que estäo por detrás deste texto. Primeira. No momento em que os meios de comunicaçâo de massa, sob o comando da televisáo, se tornam hegemonicamente eletrônicos , quais sao as possibilidades históricas da encenaçâo deste anacrónico pacto entre produtores de escrita fonética? Ou seja, como a colaboraçâo de escritores e professores em jornais e revistas de grande circulaçâo pode servir à causa do livro e da imprensa escrita, enriquecendo o debate das idéias? Segunda. Como se poderá concretizar, no espaço da grande imprensa nacional e internacional, urna crítica sob a responsabilidade de académicos, levando estes a exercerem urna desejável liderança intelectual em termos comunitarios já que estabeleceriam um diálogo enriquecedor entre especialistas (professores) e nao-especialistas (público)? Terceira. A possível e inevit ável perda de rigor teórico-científico na escrita jornalística, tanto a ensaísti-©1995 NUEVO TEXTO CRITICO Vol. VII Nos. 14-15, Julio 1994 a Junio 1995 62___________________________________________________SILVIANO SANTIAGO ca quanto a avaliadora de obras contemporáneas, teria um custo intelectual que poderia ser recuperado em favor dos valores maiores da tradiçâo literaria ocidental? As duas primeiras questóes sao mais abrangentes. A primeira falaria do lugar e da situaçâo da literatura e da imprensa escrita na época em que se convencionou chamar de pós-moderna. A segunda retoma a discussâo levantada no final dos anos 20 pelo livro La Trahison des clercs, de Julien Benda, discussâo agora transposta para o papel desses novos intelectuaisem -açâo que podem ser os produtores de escrita fonética na sociedade de massa. A terceira é menos abrangente e se aproxima das circunstancias deste Congresso e diz respeito à necessidade urgente de urna avaliaçâo criteriosa da produçâo ficcional e poética contemporánea, entregando a tarefa sistem ática e cotidiana da crítica a especialistas com sólida formaçâo disciplinar . Mesmo com o risco de perda em parte da qualidade, os universitarios pulariam o muro da academia. As tres questóes, no seu conjunto, podem servir a duas causas maiores, que sao a do aprimoramento democrático das instituicóes do saber e dos meios de comunicaçâo de massa e a da formaçâo do cidadäo na América Latina que se faz pós-moderna. Parece-nos empobrecedor restringir o campo da reflexáo sobre as relac óes entre literatura e imprensa escrita aos contornos da atualidade. Por isso, partiremos de urna hipótese teórica que, no seu arco histórico, pretende abranger...

Referência(s)