Os embates do encontro
2013; Volume: 11; Issue: 3 Linguagem: Português
10.1590/s1678-31662013000300012
ISSN2316-8994
Autores Tópico(s)Education and Digital Technologies
ResumoO tema e o encontro. O Velho Mundo iberico seiscentista encontra o Novo Mundo e ai mesmo reencontra a si proprio, suas utopias e distopias, seus monstros e seus motivos edenicos, suas escatologias e seus fados – como se o imaginado adiantasse o real com que os conquistadores vieram a topar na America portuguesa. Alessandro Zir, pesquisador ligado a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, serve-se da abordagem dos estilos de pensamento (styles of thinking) – nessa expressao de Ian Hacking (2002), autor que Zir elege como especie de mentor –, criada para melhor captar o curso historico e suas mudancas e como uma estrategia teorica a um so tempo pertinente a filosofia e a historia da ciencia. Essa estrategia e ela mesma um encontro, incluindo-se ai o sentido de embate, disputa e experiencia, tal como preve a semântica do termo ingles “encounter”, constante no titulo do livro e muito bem escolhido. E que para alem dos embates com os monstros revividos no outro lado do Atlântico, logo se destaca o embate, visando melhor conhecer o assunto em pauta, entre essa abordagem dos estilos de pensamento e aqueles antigos (ou nem tanto) modos mentais que recolhemos nas narrativas de viajantes, colonizadores e missionarios do seculo xvi. Com efeito, o embate e, de saida, metodologico e epistemologico, podendo ser resumido na seguinte pergunta: como encarar hoje aquelas narrativas de seres e feitos fantasticos sem as reduzirmos a compreensao anacronica naturalista ou da ciencia moderna oficial – isto e, purificada de incertezas e mediacoes, para aqui ja me valer da concepcao de ciencia moderna oficial de Bruno Latour (1994) – que faz do passado a imagem do bizarro e da confusao indistinta de agentes e suas relacoes causais? Desafio este que tambem pode ser traduzido pelo “principio de irreducao”, tal como proposto tanto por Latour quanto pela filosofa belga Isabelle Stengers (2002), autora intima e cada vez mais central dos science studies, embora nao considerada por Zir. Em todo caso, Zir prepara-se muiscientiae zudia, Sao Paulo, v. 11, n. 3, p. 677-85, 2013
Referência(s)