Rumos da educação nacional e formação de geocientistas
2010; Volume: 6; Issue: 1 Linguagem: Português
ISSN
1980-4407
Autores Tópico(s)Environmental Sustainability and Education
ResumoInvestimentos em educacao e desenvolvimento tecnologico sao essenciais para aprimorar os padroes de bem-estar social de um povo, quer pela garantia de suprimento de recursos naturais, planejamento de uso da terra ou prevencao para conviver com o risco, quer para formar cidadaos aptos a construir e manter a democracia. Isso implica o desafio de formar geologos que saibam mobilizar seu conhecimento tecnico especifico para resolver problemas economicos e tecnologicos e, de outro, tenham capacidade e sensibilidade para pesar aspectos culturais e afetivos que ligam o povo ao local onde vive. Houve, nos ultimos anos, expansao dos cursos de Geologia, apoiada em politicas bem-sucedidas de fortalecimento do ensino publico superior que nao estao porem isentas de criticas e reparos, sobretudo diante das agudas carencias de recursos materiais e financeiros. Sao cursos duplamente penalizados: dependem de altos investimentos em atividades praticas de laboratorio e campo, e precisam atrair professores muito disputados por organismos publicos e privados, especialmente no caso de profissionais mais experientes. E dificil questionar o aparato, apoiado em fundos sociais, que reivindica melhorar os niveis educacionais e expandir o vinculo escolar dos jovens. Garantem-se beneficios legais as familias que mantiverem filhos na escola. A educacao basica, apoiada em recursos pulverizados nos estados e municipios, tornou-se obrigatoria. Neste Pais, um jovem de 16 anos pode votar, em outros paises pode guiar carros, mas foi proibido de dizer: nao quero estudar. A lei obriga o governo a manter um enorme programa de livro didatico, que adquire dezenas de milhoes de exemplares anuais. A lei obriga o governo a garantir transporte dos alunos para escolas. Mas a lei nada diz sobre condicoes dignas de vida e aperfeicoamento de professores. Os professores sao responsaveis por conduzir um ensino que garanta a aprendizagem. Identificar problemas do curriculo escolar deveria ser a prioridade dos exames de avaliacao do ensino medio, mas as provas deixaram em segundo plano esse papel, e passaram a constituir criterio de ingresso no ensino superior, em lugar do vestibular. Do cuidado exacerbado com a avaliacao emergem indicadores objetivos dos melhores e piores colegios; algumas escolas privadas montam curiosa estrategia de marketing: fazem ofertas atraentes aos melhores alunos, para depois divulgar suas boas notas. Educacao e saber transformam-se, uma vez mais, em servico e mercadoria. Subverte-se o rigor que conduz a aprendizagem de conteudos e atitudes pelo criterio tecnico para medir e avaliar o rendimento individual com precisao “cirurgica”. Sao escolhas repletas de contradicoes, ate mesmo porque a qualidade do ensino pouco melhorou. Professores de ensino medio precisam sempre atualizar-se em atividades praticas e formular novas ideias para aulas. Este numero de Terrae Didatica continua a publicar experiencias praticas testaveis e replicaveis. O artigo de abertura, em formato bilingue, foi adotado na oficina didatica GIFT (Geophysical Information for Teachers), realizada pela American Geophysical Union, durante o “2010 The Meeting of the Americas”, em Foz do Iguacu, agosto de 2010. O texto aborda o uso pratico de dados de satelite TRMM (Tropical Rainfall Measuring Mission). No curso, apresentaram-se resultados de pesquisas relacionadas a chuva, rochas e solos, com enfase em sensoriamento remoto. Em 2010 Terrae Didatica inicia nova etapa: dois numeros comporao o volume 6, atingindo-se periodicidade semestral. O material em avaliacao ou ja aprovado e suficiente para finaliza-lo. Fazemos, pois, chamada de trabalhos (call for papers) para o volume de 2011. Os demais trabalhos incluidos neste numero iluminam aspectos variados das Ciencias da Terra; procuramos, assim, apoiar o esforco de educadores e estudantes em sua constante busca por novos conhecimentos e saberes.
Referência(s)