Cuidado! Urubus na cruz
1998; Escola Superior de Teologia; Volume: 38; Issue: 1 Linguagem: Português
10.22351/et.v38i1.735
ISSN2237-6461
Autores Tópico(s)Religious and Theological Studies
ResumoCerto dia, num passado nao muito remoto, voltava eu de atividade pastoral, quando observei, postados tranquilamente na cruz da torre, um de cada lado do travao horizontal do unico templo da Igreja Evangelica de Confissao Luterana no Brasil (IECLB) em Maringa (PR), dois enormes urubus. Coisa de se estranhar, pois urubus no centro de uma cidade como Maringa nao sao algo muito comum. Alias, vi-os apenas naquela vez. Esta visao incomodou muito e desencadeou em mim um processo de reflexao que culmina com esta pequena contribuicao a ontologia eclesiastica. Neste momento, e bom que se faca uma advertencia ao leitor para que considere que o autor da presente nao e mais pastor1, de modo que, de antemao, pede escusas por um tratamento nao tao pastoral de um tema tao importante como e a Igreja. A priori, o autor escreve sob uma perspectiva “leiga” com a qual esta tentando se acostumar. Voltemos aos urubus. Penso eu que, se estivessemos ainda na Idade Media, urubus postados na cruz de um templo seriam indicios de maus pressagios. Isto porque os urubus espreitam a espera dos cadaveres. Havera imagem mais ilustra tiva e significativa referente a cadaveres do que os abencoados urubus? Isto nos induz a uma reflexao sobre a Igreja, sua essencia, o âmago de seu ser. Igreja que tem de aprender a conviver com urubus sem ceder a tentacao de ignora-los, crendo, confiando e racionalizando que e eterna e sobre ela nao prevalecerao as portas do inferno2. Este pequeno artigo e uma reflexao eclesiologica. Quer pensar cristologicamente a Igreja. Isto porque a Igreja pretende ser uma realidade cristologica. A Igreja quer se referir a Cristo como seu sine qua non ontologico. O ponto referen cial da Igreja permanece sendo Cristo, ou de modo mais especifico, Jesus de Nazare3, personagem morto e crucificado pro nobis, conforme reza a cartilha dos
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