Artigo Produção Nacional

O Granito Serra dos Carajás, Pará: II - Caracterização dos fluidos aquosos e alteração hidrotermal

1995; Sociedade Brasileira de Geologia; Volume: 25; Issue: 1 Linguagem: Português

10.5327/rbg.v25i1.513

ISSN

2317-4889

Autores

Francisco Javier Ríos, Raimundo Netuno Villas, Kazuo Fuzikawa,

Tópico(s)

Paleontology and Stratigraphy of Fossils

Resumo

As rochas expostas na pedreira localizada na extremidade norte do granito Serra dos Carajas mostram uma alteracao hidrotermal fraca, ainda que ubiquamente presente. Associados a ela ocorrem sulfetos de Cu e Mo que constituem, contudo, uma mineralizacao economicamente inexpressiva. As principais evidencias de alteracao hidrotermal estao na cloritizacao dos inerais maficos, sericitizacao ou argilizacao dos feldspatos e epidotizacao da biotita, alem da albitizacao, carbonatacao e, em menor grau, da silicificacao das rochas. A avaliacao das perdas e ganhos absolutos revelou uma transferencia global de massa do granito para as solucoes aquosas, registrando-se os mais altos valores (0,21 g/cm3 ) nas rochas silicificadas e albitizadas. Para uma densidade de 2,69 g/cm3 para o granito nao alterado, o maior valor corresponde a uma perda liquida equivalente a cerca de 8%. Dentre os produtos da alteracao hidrotermal, destacam-se veios que se formaram pelo preenchimento de fraturas que cortam o corpo granitico em varias direcoes. Identificaram-se tres tipos principais de veios de acordo com a associacao mineralogica que eles contem: 1) calcita-sulfetos; 2) quartzo-albita-clorita-epidoto-turmalina-calcita-fluorita-sulfetos; e 3) sulfetos. Dados microtermometricos em inclusoes fluidas em cristais de quartzo, calcita e fluorita acusaram um amplo intervalo termal para a precipitacao desses minerais (>520 a 130°C) com um hiato entre 520°C e cerca de 200°C, o qual foi atribuido a mistura de fluidos. Solucoes aquosas muito salinas exsolvidas do magma granitico sao responsaveis pelas temperaturas mais altas, enquanto aquelas mais diluidas respondem pela faixa de temperaturas mais baixas. Estas ultimas, derivadas das rochas encaixantes, bem mais frias e ricas em especies de carbonates e sulfetos, penetraram no corpo granitico, misturando-se com os fluidos aquosos magmaticos ou precipitando diretamente sua carga metalica em planos de fratura. Inclusoes fluidas em cristais de calcita das venulas resultantes deste processo apresentam, contrariamente aos veios de estrutura complexa, uma relacao inversa entre salinidade e temperatura de homogeneizacao, o que da suporte a interpretacao de essas solucoes derivarem de fonte externa ao granito. Utilizando-se o subsistema FeO-H2 S-H2 O-O2, foram fixadas, a 200°C, valores de fugacidades de O2 no intervalo de 10-40 a 10-45 atm, bem como fugacidades de H2 S superiores a IO'5 atm, com base na escassez de oxidos de ferro (magnetita e hematita) e na ausencia de pirrotita. Da mesma forma, o subsistema CaO-Al2 O3-SiO2-HFH2 O, a mesma temperatura, permitiu estimar valores para log(aCa++ / a2 H+) e log(aH+ .aF-) respectivamente em 8,9 e -9,6, que foram deduzidos a partir da superficie de saturacao da fluorita dentro do campo de estabilidade da caolinita, mas fora dos campos da laumontita e do topazio, ambos ausentes no sistema hidrotermal do granito Carajas no setor estudado. Para a fugacidade de CO2, foram estimados valores entre 0,2 e 2 atm na faixa de temperatura entre 150 e 200°C, observadas aquelas mesmas restricoes.

Referência(s)
Altmetric
PlumX