Realidade e modos de representação

2007; Universidade da Beira Interior, Portugal (UBI) & Universidade Estadual de Campinas, Brasil (UNICAMP); Issue: 2 Linguagem: Português

ISSN

1646-477X

Autores

Március Freire, Manuela Penafria,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

A representacao da realidade e um tema sensivel ao cinema, desde os inicios da sua historia. A famosa “impressao de realidade” sempre impressionou os espectadores. Para o documentario este e um tema que lhe vem associado, como se de um cognome se tratasse. So por si documentario arrasta consigo um peso: a obrigacao de “representar a realidade”. O cumprimento ou nao cumprimento dessa promessa que lhe esta subjacente tem sido, em suma, o que motiva grande parte da discussao que rodeia o documentario. Ja a ficcao parece ser um companheiro sempre presente. Ora e um companheiro incomodo que ofusca ou acusa o documentario, ora um aliado inestimavel na defesa de um cinema de elevada qualidade, um cinema de efectivo trabalho de realizacao cinematografica. No essencial, e muito resumidamente, nao e dificil esgrimirem-se argumentos a favor ou contra a ideia do documentario efectivamente “representar a realidade”. Os primeiros destacam a ligacao que as imagens do documentario possuem com o que tem existencia fora dessas imagens e os segundos - os que sao contra - lembram que a imagem cinematografica em si e so por si nao garante que nao tenha ocorrido uma total fabricacao. Assim, a realidade quotidiana projectada no ecra tem sido a maior forca e, tambem, a maior fraqueza do documentario. Ainda que muitas discussoes passem pela maior ou menor proximidade dessa re-presentacao, o que motivou os editores para a proposta do tema deste segundo numero tematico foi a capacidade e diversidade que, na sua praxis, o documentario demonstra em transformar material quotidiano em material filmico. E esta transformacao que serve de mote para o segundo numero da Doc On-line que vem assim colocar-se no centro de uma discussao que imediatamente remete para a polemica. Pretendendo escapar a categorias gerais - que com maior ou menor facilidade podem ser aplicaveis aos mais diversos filmes - e a discussoes vagas, fazem parte deste numero da Doc On-line um conjunto de artigos que se destacam pelas suas abordagens incisivas, bem delimitadas e focadas em filmes especificos que nao encontramos na maior parte dos estudos dedicados ao documentario. Em “El primer documental vanguardista de NO-DO”, Alvaro Matud Juristo analisa o primeiro filme NO-DO [Noticiero Documental] franquista de caracteristicas vanguardistas que embora pertencendo as “actualidades”, faz parte de um conjunto de filmes bastante distintos desses seus congeneres, pois tem a suporta-los, entre outros factores, a criatividade de realizadores com formacao na area do cinema. Em “The Cinematographic Representation of the City of Porto (as seen by the author in six films)”, Paula Mota Santos analisa a representacao da cidade do Porto em diferentes filmes apresentando os seus temas principais e discutindo o papel dos filmes na construcao de uma memoria colectiva. Em “Documentarios e ficcoes: discurso e ideologia em Justica e Onibus 174” de Felipe Muanis, os filmes Justica (2004) e Onibus 174 (2002) sao objecto de analise com o proposito de servirem para discutir a representa

Referência(s)