
DE VOLTA AOS FUNDAMENTOS: A DINÂMICA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS NO SEU CONTEXTO
2010; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO; Volume: 14; Issue: 3 Linguagem: Português
10.4257/460
ISSN2177-6199
Autores Tópico(s)Genetics, Bioinformatics, and Biomedical Research
ResumoA epidemiologia das doencas infecciosas compartilha com a ecologia teorica e empirica a analise integrada da dinâmica de diferentes populacoes de hospedeiros-patogenos ou presas-predadores-parasitas em contexto, ou seja, como parte de uma vasta rede de interacoes, redes estas com a dupla natureza de transferencia de materia/energia e sucesso reprodutivo diferencial. Estas dinâmicas se influenciam mutuamente, mas nao podem ser automaticamente superpostas uma a outra. A partir da decada de 1950, e, especialmente, a partir dos anos 1990, essas analises vem sendo integradas a analises de fenomenos que tem lugar em um nivel micro, o que inclui as dinâmicas das estruturas e redes genomicas e pos-genomicas. Com discutido em detalhe no presente artigo, as perspectivas reducionistas tanto no campo da biologia molecular, como da biologia evolucionista foram instrumentais para o progresso dessas disciplinas na decada de 1960 e contribuiram para a adequada compreensao de uma serie de fenomenos simples. Contudo, progressos notaveis tem sido feitos no âmbito da biologia molecular, biomatematica e computacao, o que faz desses modelos hipersimplificados nao apenas falsos em termos de uma compreensao acurada da biologia, mas prejudiciais a avaliacao e analise de fenomenos complexos, como a dinâmica do câncer ou a emergencia e transmissao de cepas resistentes em ambientes sob pressao antropica. Visoes alternativas existem, ao menos desde o final da decada de 1980, como nas propostas de autores como David Hull, e, mais recentemente, de Eva Jablonka e seus colaboradores, entre outros, e devem ser exploradas em detalhe de movo a avancarmos para alem do paradigma exclusivamente centrado nos genes. A assim denominada “genetica do saco de feijoes”, nao apenas e hoje desnecessaria, como vem funcionando como um obstaculo ao progresso da biologia evolucionista, epidemiologia e da propria biologia molecular. A despeito da enorme popularidade dessas perspectivas simplistas entre o publico leigo, aqueles que trabalham na vanguarda da biologia deveriam tentar ser tao precisos em seu trabalho empirico, como consistentes no uso de conceitos e na formulacao de programas abrangentes de pesquisa.
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