Artigo Revisado por pares

Minerais e pedras preciosas do Brasil

2010; Volume: 6; Issue: 2 Linguagem: Português

ISSN

1980-4407

Autores

Silvia Fernanda de Mendonça Fuigueirôa,

Tópico(s)

Science and Science Education

Resumo

Este livro, publicado simultaneamente em duas linguas, Portugues e Ingles, resulta, antes de tudo, da paixao por minerais nutrida por seus autores, um geologo e um jornalista, que empreenderam vasta pesquisa, ao longo de muitos anos, somando-a com a experiencia acumulada no trabalho e no hobby . E e claro que seu publico primordial sao aqueles, profissionais ou leigos, que compartilham do fascinio por minerais e gemas. Porem, o livro certamente sera de interesse e utilidade para um publico mais amplo, devido a suas caracteristicas. A primeira delas e a indiscutivel qualidade grafica, garantida pelo patrocinio da Companhia Vale do Rio Doce: o livro todo foi impresso em papel brilhante, com enorme quantidade de fotos, mapas e reproducoes de gravuras. De fato, os minerais e gemas ai aparecem em toda a sua exuberância e ha imagens de tirar o folego. A segunda caracteristica relevante e a abrangencia espacial e temporal, que no caso encontram-se inter-relacionadas. Cornejo e Bartorelli partem da premissa, bastante correta, de que os minerais sempre estiveram presentes na vida das sociedades e civilizacoes. Assim, abrem o livro com capitulos dedicados ao periodo pre-colonial: “A arte litica dos indios do Brasil”, “Os idolos e estatuetas dos sambaquis”, “Objetos de arte litica, ritual, artistica e ornamental”, e “Muiraquita, a misteriosa pedra das Amazonas”. Em todas as situacoes, sempre identificam as rochas e minerais brasileiros que foram utilizados. O livro segue, adotando a linha cronologica, e passa a abordar com bastante detalhe o trabalho de Jose Bonifacio d’Andrada e Silva como mineralogista, alem de outros naturalistas dos seculos XVIII e XIX, com enfase nos estrangeiros que por aqui passaram ou aqui se estabeleceram por algum tempo, como o Barao von Eschwege ou Claude-Henri Gorceix. As informacoes gerais seguem atualizadas ate o presente, destacando alguns museus de facil acesso e que exibem boas colecoes, a saber: o Museu Nacional, o Museu de Ciencias da Terra (ambos na cidade do Rio de Janeiro), o Museu de Ciencia e Tecnica da Escola de Minas de Ouro Preto (em Minas Gerais), o Museu de Geociencias do Instituto de Geociencias da USP e o Museu Geologico Valdemar Lefevre do Instituto Geologico de Sao Paulo (estes ultimos situados na cidade de Sao Paulo). Ao final desta parte, um ponto alto: os itens consagrados as especies minerais descritas no Brasil e, dentre estas, as que se encontram desacreditadas, sao variedades ou sinonimas, numa oportuna atualizacao das decisoes da IMA ( International Mineralogical Association ) a respeito. Uma segunda parte, se assim podemos chamar, que ocupa os restantes cinquenta por cento das paginas, passa a apresentar os minerais brasileiros segundo a classe a que pertencem: elementos nativos e ligas, sulfetos, haletos, oxidos e hidroxidos, carbonatos, sulfatos, fosfatos e arsenatos e, finalmente, silicatos e suas subclasses. Em todos os capitulos, a abordagem historica se mantem, assim como uma listagem e apresentacao das principais jazidas e garimpos de onde se extrairam esses minerais e gemas. Em obra tao abrangente e detalhada, lamenta-se apenas a desatualizacao das fontes historicas utilizadas. Ha ja cerca de 25 anos a producao sobre a Historia das Ciencias da Terra, particularmente da Geologia, vem crescendo com vigor e qualidade, com muitas dissertacoes e teses defendidas, livros e artigos publicados em boas revistas que estao disponiveis on-line . Uma consulta a esse material evitaria equivocos, como, por exemplo, a afirmacao de que Bonifacio foi colega de turma, na Academia de Minas de Freiberg, de Alexander von Humboldt e de Wilhelm von Eschwege, pois o primeiro ja havia saido quando de sua chegada e o segundo jamais estudou la, mas sim em Clausthal. Mas nada que uma futura edicao, para a qual seguramente havera grande demanda, nao possa dar conta.

Referência(s)