Adília Lopes – ironista
2004; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS; Volume: 8; Issue: 15 Linguagem: Português
ISSN
2358-3428
Autores Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoO nome Adilia Lopes tanto designa uma leitora profundamente interessada pela tradicao poetica erudita como uma assumida “poetisa pop”. E enquanto a primeira gosta de recordar referencias fundamentais da Modernidade, de Rimbaud a Apollinaire, de Cesario a Pessoa, derivando para Sophia, Herberto Helder ou Sylvia Plath, ou facilmente recua no tempo literario ocidental ate Diderot, S. Joao da Cruz e Virgilio, a segunda parece valorizar mais todo um outro universo de escrita, no qual avultam os contos infantis, as leituras da adolescencia, o folhetinesco e o fait-divers das revistas femininas. Sem nunca por de parte as referencias literarias de Adilia-leitoraerudita, e sobretudo este o mundo que a “poetisa pop” gosta de reescrever, mostrando ate que ponto ele e atravessado por uma insidiosa crueldade e tornando indistintas as fronteiras que o separavam (separam?) da Literatura. Entre cultura erudita e cultura de massas, entre referencias eruditas e uma linguagem muito proxima dos registros orais pouco vigiados, usando um verso que, por vezes, parece premeditadamente distraido num ritmo muito facil, Adilia Lopes faz apelo a memoria de um mundo adolescente onde o bem e o mal, o alto e o baixo, o bom e o mau gosto pareciam irredutivelmente distintos, para tudo indiferenciar, agora, com dessacralizadora ironia.
Referência(s)