Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Saúde da população negra: A religiosidade afro-brasileira e a saúde pública

2017; Volume: 30; Issue: 69 Linguagem: Português

10.7213/psicolargum.v30i69.23295

ISSN

1980-5942

Autores

Sônia Regina Corrêa Lages,

Tópico(s)

Race, Identity, and Education in Brazil

Resumo

O presente trabalho trata de uma pesquisa que procurou identificar no discurso de lideranças da religião afro-brasileira da Umbanda, elementos capazes de transferir saberes desse universo religioso para o campo político da saúde pública. A Umbanda abarca, em sua grande maioria, coletivos da população negra que procuram tratamento e cura nos saberes das entidades do Preto-Velho, representante da diáspora negra no Brasil. Tais identidades foram submetidas à lógica da colonialidade do poder – hegemonia eurocêntrica do conhecimento, que conseguiu silenciar sociedades que não foram ouvidas na produção do conhecimento. No entanto,sistemas marginais de pensamento foram construídos no espaço colonial, denominado por Mignolo de pensamento liminar. Diante disto, e a partir de um quadro conceitual definido pelos pensadores dos Estudos Culturais, as narrativas dos chefes-de-terreiro são analisadas objetivando identificar elementos viabilizadores de um canal de interlocução entre essas liderança se os gestores e profissionais de saúde, com a finalidade de constituição de novas redes de apoio e cuidados à saúde. A metodologia de pesquisa fez uso da entrevista semiestruturada e da análise do discurso como ferramenta de exame das narrativas apoiada nos conceitos de Sociologia das ausências e da tradução cultural de Boaventura Santos. O trabalho conclui apontando as possibilidades e limites da tradução cultural entre os diferentes campos. Se por um lado eles convergem no sentido da integralidade, por outro, existe o perigo das aproximações de saberes em situações de desigualdade de poder, que podem levar à construção de novas hegemonias culturais.

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