Profecia e metarreflexividade: a figura de Proteu na encenação épica da poesia no Renascimento português
2010; Volume: 30; Issue: 44 Linguagem: Português
10.17851/2359-0076.30.44.155-186
ISSN2359-0076
Autores Tópico(s)Medieval Iberian Studies
Resumo<p>A figura do deus mitológico Proteu, conhecida na literatura antiga e do Renascimento pela sua capacidade de transformação, é usada de preferência em contextos marcados pela autorreflexividade. Assim, na épica portuguesa de Quinhentos, ele faz a sua primeira aparição no episódio da Ilha dos Amores (Lusíadas, IX-X), onde forma parte de uma complexa encenação narrativa em que se reflete acerca da poesia lírica e épica. A sua potencialidade metarreferencial será plenamente desenvolvida em Jerônimo de Corte Real: <em>Naufrágio de Sepúlveda</em>, e em Bento Teixeira: <em>Prosopopeia</em>, onde Proteu se torna imagem do poeta melancólico e do cantor épico. A partir daqui, pode-se identificar também um modelo concreto da Prosopopeia na literatura italiana renascentista.</p> <p>Dans la poésie épique de l’antiquité et de la Renaissance italienne, le personnage mythologique de Protée est connu pour sa capacité extraordinaire de transformation, qui rend ce personnage idoine a être utilisé dans des contextes autoréflexifs. Ainsi il fait sa première apparition dans l’épique portugaise du seizième siècle dans l’épisode métaréférentiel de l’Île des Amours camonienne (Os Lusíadas, IX-X), où il fait partie d’une mise en scène complexe de la poésie. Dans Jerónimo de Corte-Real: <em>Naufrágio de Sepúlveda </em>et Bento Teixeira: <em>Prosopopeia</em>, le potentiel métaréférentiel du personnage sera pleinement développé. Protée y représente l’image du poète mélancolique ou bien du chanteur épique. Sur cette base on pourra identifier également un modèle concret de la Prosopopeia dans la littérature italienne de la Renaissance.</p>
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