The hearing aid of grandpa
2016; Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (EDIPUCRS); Volume: 3; Issue: 2 Linguagem: Português
10.15448/2357-9641.2015.2.22863
ISSN2357-9641
Autores Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoAudiencia e coisa seria. Um ato formal e solene. Pois bem. Sempre comunguei do entendimento de que toda e qualquer testemunha merece ser recebida com tapete vermelho. Sao elas que possibilitam o erro ou o acerto na tao sonhada distribuicao da “justica”. Fiz o pregao de uma audiencia de instrucao de demanda previdenciaria. Alias, ate hoje nao consigo entender porque a competencia delegada ainda nao foi revogada. Na era da informatica e da otimizacao dos recursos, inexistem motivos para que a parte e seu defensor deixem de utilizar o processo eletronico. A medida, alem de economica, diminuiria consideravelmente o numero de processos da ja atolada Justica Estadual, que nada recebe pelo “favor” que presta a Justica Federal. Feito o registro, passo ao causo. Pedi para que a testemunha que acabara de prestar depoimento fizesse a gentileza de chamar a proxima. Ela prontamente atendeu o meu pedido. Entra na sala, com certa dificuldade de deambulacao, um Senhorzinho, aparentando 70 e tantos anos. De pronto, o anciao se debrucou sobre a minha mesa, fazendo um esforco enorme para me ouvir. Reparei, entao, que ele portava dois aparelhos auditivos. Me esforcei, tambem, para perguntar seu nome. Falei com calma, em alto e bom tom, de forma que ele pudesse fazer leitura labial. Nao adiantou. Nisso, o novo, mas sabio advogado, levanta-se e pergunta para o idoso: “o senhor escuta melhor com qual ouvido? O senhor consegue aumentar o volume do aparelho?” O senhorzinho entendeu a pergunta, eis que respondeu: “eu nao sei mexer nisso, e a minha mulher que coloca e faz a regulagem”. O causidico, entao, se ofereceu para “tentar” ajustar o volume, justificando que a sua avo tambem usa aparelho. O idoso se levantou e foi ate o Advogado. Nao deu tempo de “regular” o aparelhinho. Mal o causidico tocou no dispositivo e o idoso soltou uma gargalhada medonha, com aquele “ar de felicidade”: “agora sim! Agora sim eu estou ouvindo... e estou ouvindo bem”. Foi tragicomico! Ninguem, muito menos eu, conseguiu conter o riso. Todos gargalhavam da reacao do idoso, inclusive ele. Restabelecida a seriedade do ato, o idoso sentou-se novamente e passou a responder as perguntas: tinha 83 anos. Ao ser questionado sobre o seu estado civil, disse seriamente: “doutor, preciso confessar: tenho duas mulheres...” e soltou nova gargalhada, ao mesmo tempo em que concluiu: “brincadeirinha! Ainda bem que voces sao gente boa. Sem riso a vida nao tem graca”. Fez-se, novamente o riso. E eu, ganhei o dia! Cultural SeCtion Open Access Pontifical Catholic University of rio Grande do Sul Institute of Geriatrics and Gerontology Biomedical Gerontology Graduate Program
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