Levantamento dos animais silvestres depositados no Mantenedouro de Fauna Silvestre do 7o BIS (Batalhão de Infantaria de Selva) e sua história: uma amostra do tráfico de animais silvestres no Estado de Roraima
2013; Volume: 11; Issue: 33 Linguagem: Português
10.7447/dc.2013.001
ISSN1982-2197
Autores Tópico(s)Animal Genetics and Reproduction
ResumoRESF * erasmo-12@hotmail.com Medico Veterinario TITLE: Survey on the depositions of wild animals in the Refuge of Wildlife of the Border Command of Roraima State (Brazil) One of the major environmental problems faced today concerns the traffic of wild animals. Considered the third largest illicit activity ratio, losing only to drugs and weapons traffic, this crime modality causes damages to our biodiversity on its totality. There are numerous socioeconomic factors that trigger this issue, varying from cultural aspects to being even the only money source. The goal of this work was to conduct a survey of wild animals deposited in the Refuge of Wildlife of the 7th Jungle Infantry Battalion (MFS/7oBIS), demonstrate which animal classes were more involved and, when possible, which institutions the animals were destined to. Were presented, considering the lack of register, historical aspects of the MFS/7oBIS and a few of the activities realized there, with the educative plan of fighting the biopiracy. Historical surveys were made from interviews and analysis from notification files of cases sent to the Refuge. The birds presented itself as the class with the largest number of destinations to the MFS/7oBIS, with 41,15% of the total, followed by the reptiles with 37% and mammals with 21.17%. Of these, 0.1% were voluntary deposits, 7.96% were apprehensions and 0.25% were rescues. IBAMA destined 3.30% of the animals, the Municipal Bureau of Environmental and Indigenous Business (SMGA) 4,06% and the Federal Police 0.93%. Around 179 animals did not enter the list of places that destined animals to the refuge because their origin was not evident on the investigated files. Key-Words: Traffic, Biodiversity, Environmental Education and Maintainer. 2 FARIAS, Dialogos & Ciencia 33, 2013, 1-6 inibicao da vegetacao, exploracao madeireira, queimadas, producao de pastos, monoculturas, poluicao, construcao de hidreletricas; seguidas da caca, perseguicao, pesca predatoria e comercio ilegal; alem da insercao de especies exoticas (MACHADO et al., 2008 apud SKRABE, MEDINA, 2009). Apesar da falta de informacoes que quantifiquem com precisao os danos do Trafico de Animais Silvestres, e estipulado que cerca de 38 milhoes de especimes sejam anualmente extraidos de seus habitats para o mercado negro (RENCTAS, 2001). Entre os animais capturados, o indice de obitos chega a cerca de 90% devido as mas condicoes de captura e transporte (Rocha, 1995 apud Bastos et al., 2008). Mesmo assim, com todo o indice de mortalidade, o trafico de animais movimenta quantias de aproximadamente US$ 10 bilhoes/ano em todo o mundo, estando na terceira colocacao entre os mercados ilicitos, perdendo apenas para o trafico de drogas e de armas (RENCTAS, 2001).16 Apesar de todo este desbarate, o Brasil, no momento, apresenta-se com a maior diversidade de formas de vida do planeta, com cerca de apenas 14% da biodiversidade conhecidos, sendo ainda considerado um pais de megadiversidade biologica (COSTA et al., 2005 apud BASTOS et al., 2008), em um conjunto composto por 12 nacoes que comportam 70% da biodiversidade total do planeta (IBGE, 2004). Posteriormente a Lei de Protecao a Fauna-Lei no 5.197 de 1967 e sucessivamente a Lei de Crimes AmbientaisLei no 9.605 de 1998, os animais que fazem parte da fauna brasileira passaram a ser de responsabilidade fiscal do estado (PETERS & PIRES, 2002 apud BORGES et al., 2006). Qualquer acao humana nao autorizada pelos orgaos competentes ou qualquer comercializacao sem as devidas legalizacoes necessarias, passaram a ser considerados crimes passiveis de penas de detencao e multa (BORGES et al., 2006). 18 No entanto, estima-se que cerca de 90% dos animais retirados da natureza morrem apos serem retirados de seus habitats, principalmente devido as condicoes inadequadas de captura, manutencao e, principalmente, transporte (ROCHA, 1995 apud BORGES et al., 2006). O Trafico de Animais Silvestres muda constantemente suas rotinas de ano a ano, sendo dificil de caracterizar um tipo de fraude “padrao”. No entanto, podemos destacar quatro tipos muito desenvolvidos ainda nos momentos atuais: (1) contrabando; (2) uso de documentos legais para encobrir atividades ilegais; (3) uso de documentos falsos; (4) outros tipos de fraudes (RENCTAS, 2001). Calcula-se que de todos os animais silvestres envolvidos no trafico, cerca de 60% sao comercializados no Brasil; e 40% destinados ao mercado exterior (SKRABE, MEDINA, 2009). Assim a maior parte dos animais traficados permanecem no pais (Renctas, 2001). Do percentual de grandes consumidores, Freitas et al. (2004), destacam as cidades de Miami (EUA), Bruxelas (Belgica), Amsterda (Holanda), Frankfurt (Alemanha), Taipe (Formosa) e Cingapura (Cingapura), (SOUZA, 2007). A Lei no 5.197, de 03 de janeiro de 1967Lei de Protecao a Fauna, quando utilizada na penalizacao de infratores e apreensao de animais gera uma duvida, onde serao depositados os especimes apreendidos ? Na maioria das vezes, por falta de local para depositar e cuidar destes animais, os zoologicos tem sido os maiores depositarios dessa fauna mesmo nao fazendo parte de suas atividades legais (VIDOLIM et al., 2004). Geralmente os animais traficados e apreendidos pelos orgaos de fiscalizacao devem ser direcionados aos Centros de Triagem (CETAS). Nesses centros, faz-se a identificacao e triagem dos animais sendo prestados todos os cuidados ate que tenham condicoes de serem encaminhados para soltura ou Tabela 1: Animais presentes no Mantenedouro de Fauna Silvestre do 7 Batalhao de Infantaria de Selva. Nome comum local Nome cientifico Quantidade Jabuti-machado Platemys platycephala 01 Tartaruga-da-amazonia Podocnemis expansa 03 Tracaja Podocnemis unifilis 16 Cagado de barbicha Prynops hilarii. 02 Cabecudo Peltocephalus dumerilianus 01 Perema Trachemis trachemis 04 Jabuti-piranga Chelonoidis carbonaria 18 Jabuti Chelonoidis denticulata 1 Jiboia Boa constrictor 03 Sucuri Eunectis murinus 01 Papagaio-campeiro Amazona ochrocephala 14 Arara-vermelha-grande Ara cloroptera 01 Arara-vermelha-pequena Ara macao 07 Arara-caninde Ara ararauna 07 Tucano Ranphastos toco 03 Marreca Dendrocygna autumnalis 04 Gaviaocaboclo Pterospygias meridionalis 01 Mutum Crax alector 01 Periquito santo Psittacula guyanensis 02 Jandaia sol Aratinga solstitialis 02 Macacoaranha Atheles belzebult 12 Mico-de-cheiro Saimiri sciureus 01 Sagui-de-mao-dourada Saguinus midas midas 01 Paca Caniculus paca 01 Cutia Dasyprocta agouti 02 Oncapintada Panthera onca 05 Onca-parda Puma concolor 01 Jaguatirica Leopardus pardalis 02 Veado campeiro Odoicoleus virginianus 01 Guaxinim Procion cancrivorus 01 para alguma modalidade legal que mantenha animais impossibilitados de soltura. Os animais que saem do CETAS com condicoes normais sao entao enviados a uma das categorias (e.g. Criadouros Conservacionistas, Mantenedor de Fauna Silvestre, entre outros) legalmente registradas para manutencao destes animais em cativeiro, ou sao encaminhados a soltura quanto possivel. Este trabalho tem como objetivo, demonstrar as ocorrencias da fauna destinada ao Mantenedouro da Fauna Silvestre do C FRON RR/7o BIS, bem como quais classes de animais foram mais destinadas ao plantel e qual proporcao. Tambem sera abordada a historia do MFS e algumas de suas atividades desenvolvidas no intuito de educar seus visitantes. 2. Material e Metodos Foram avaliadas todas as fichas de notificacao de registro tanto de levantamentos feitos antes da efetivacao de veterinarios (2000), quanto apos a regulamentacao do MFS/7oBIS frente ao IBAMA (2005). As fichas de notificacoes foram analisadas no periodo de 15/06/2011 a 28/12/2011, analisando criterios como: especie, sexo, orgao destinador dos animais ao MFS/7oBIS, faixa etaria quando possivel e nos casos registrados, local de apreensao. Apos o levantamento realizou-se entrevistas com os primeiros tratadores acerca da procedencia destes animais que chegavam sem informacoes suficientes de suas origens, e do por que do interesse militar em manter em suas dependencias animais silvestres provenientes do Trafico de Animais Silvestres no Estado de Roraima. Realizou-se entrevista com a senhora Carla Abreu Soares Aquino, primeira veterinaria responsavel pelo Mantenedouro apos sua regulamentacao, para informacoes acerca das atividades realizadas pela Instituicao. Foi feito um levantamento de toda documentacao acerca das origens do Mantenedouro e sua rotina na conscientizacao ambiental para um desenvolvimento sustentavel. Area geografica abordada e tipos de agravos mais Dialogos & Ciencia, n 33, marco de 2013 ©Rede de ensino FTC 3 FARIAS, Dialogos & Ciencia 33, 2013, 1-6
Referência(s)