
A Primeira República muito além do café com leite
2013; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO; Volume: 14; Issue: 26 Linguagem: Português
10.1590/2237-101x014026017
ISSN2237-101X
AutoresAntônio Luigi Negro, Jonas Brito,
Tópico(s)Brazilian History and Foreign Policy
ResumoEm seu livro O teatro das oligarquias, contestando a validade da tese do cafe com leite por meio do exame das articulacoes referentes as sucessoes presidenciais — em que nota “os arranjos politicos mais importantes” (p. 25) —, Claudia Viscardi demonstra como diversos atores se alinharam e desalinharam nas disputas ocorridas por ocasiao da substituicao dos mandatos presidenciais ocorridos entre Rodrigues Alves (19021908) e Washington Luis (1926-1930). Para tal, ela fez uso da hipotese da estabilidade do primeiro regime republicano ter sido fornecida pela “instabilidade” (p. 25) das aliancas entre atores como o Exercito, o Poder Executivo e os seis estados mais fortes (Sao Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro). Viscardi consegue demonstrar que o predominio dos vencedores nas sucessoes nao se eternizava a custa da marginalidade dos demais atores. No lugar disso, a expectativa do rodizio das forcas ao termino de cada mandato, os efeitos das disputas e o esforco dos competidores no sentido de impedir a monopolizacao do poder por um ou outro ator asseguravam a crenca em campanhas futuras, inibiam o ressentimento de exclusao entre os perdedores e, nesse sentido, continham rupturas. Logo, Sao Paulo e Minas nao fizeram (a despeito dos demais) o que bem entendiam. Ao contrario, havia intensa barganha entre os estados. E bom que se diga que nao sao desconsideradas as posicoes, na economia, bem como na politica, de mineiros e paulistas. A autora igualmente nao ignora que se coligaram e que ocuparam juntos a administracao federal. No segundo capitulo e mostrado ao leitor que Minas Gerais, uma vez resolvidos seus problemas internos — na sucessao de Rodrigues Alves (a partir de 1905) —, conseguiu alcar-se ao primeiro plano da politica (p. 72, 87), lugar ja pertencente aos paulistas desde 1889 (em alianca com militares ou baianos). Ao mesmo tempo, o livro faz ver que os demais estados sabiam — todo o tempo — que uma alianca exclusivista entre Minas e Sao Paulo lhes seria prejudicial. Em segundo lugar, o Exercito e o Executivo tambem agiam, tornando o processo e as redes que o compunham muito mais complexos e multifacetados. Logo, ante os planos situacionistas, houve, ao longo das sucessoes, a composicao de eixos alternativos de poder, com dose respeitavel de eficacia politica. Ainda mais (e isto e absolutamente notavel), nao e apenas o fato de mineiros e paulistas nao serem os unicos com voz e vez; e tambem o fato de inexistir permanente “alianca entre os dois”. Na pratica, afirma Viscardi, “mais se temiam do que se uniam” (p. 253). Sem negar as aproximacoes, a autora demonstra amplamente
Referência(s)