Artigo Produção Nacional Revisado por pares

Seria o platonismo uma negação da vida

2016; Universidade de Brasília; Imprensa da Universidade de Coimbra; Issue: 17 Linguagem: Inglês

ISSN

2179-4960

Autores

Guilherme Domingues da Motta,

Tópico(s)

Classical Philosophy and Thought

Resumo

Resumo : O Fedon contem varias afirmacoes que poderiam levar a interpretacao de que o platonismo seja uma doutrina comprometida com a negacao da vida. Tal interpretacao so pode ser sustentada retirando‑se essas afirmacoes de contexto e ignorando‑se uma serie de elementos presentes em outros textos de Platao. Um primeiro passo para a solucao do problema e reconhecer que todas as afirmacoes acerca do carater desejavel da morte sao sempre relativas a figura do filosofo, cujo modelo e o Socrates dos dialogos. Essa personagem foi meticulosamente construida para ser compreendida como extraordinaria; e alguem que passou por um processo de “iniciacao”, atraves do qual adquiriu a dýnamis filosofica que o tornou capaz de reconhecer a existencia e o valor dos objetos mais altos do conhecimento, assim como o prazer que ha na vida contemplativa. Considerando‑se que “morte” no Fedon significa separacao da alma e do corpo, sem que a alma seja com isso aniquilada, entao ela significa a continuidade da vida contemplativa, a qual durante a existencia corporea foi tolhida pelos limites impostos pelo corpo e, portanto, trata‑se de uma vida de fruicao continua do maior prazer. Porem, para alem desse tipo de argumentacao, cabe verificar como Platao, nos dialogos, tratou a questao da fruicao dos prazeres corporeos tanto para o filosofo quanto para o homem comum. Assim se podera constatar que o platonismo nao e uma negacao da vida, mas antes a afirmacao da vida, seja na dimensao corporea, seja espiritual. Is Platonism life denying? Abstract : The Phaedo contains a number of passages which could lead to the interpretation that Platonism is a denial of life. Such an interpretation could only be maintained by reading these passages out of context and also by ignoring a number of elements from other Plato’s texts. The first step to solve this problem is to stress that such statements about how desirable is death always concern the philosopher, whose model is the dialogues’ character, Socrates. This character was meticulously constructed to be regarded as someone extraordinary; a character who has undergone a process of “initiation” in which he acquired a philosophical dýnamis, namely, the capacity to recognize the existence and the value of the highest objects of knowledge, and also the pleasure of their contemplation. Considering that “death” in the Phaedo means only the separation of body and soul, a process in which soul is not annihilated, then it means the continuity of the contemplative life, which during the corporeal existence was hampered by the limits imposed by the body. Hence, life after death means a life of continuous enjoyment of the greater good and pleasure. But beyond that line of argument, it must be determined how Plato, in his dialogues, addressed the issue of the bodily pleasures for both the philosopher as well as for the common man. And, in this case, it is clear that Platonism is not a denial of life, but rather the affirmation of life, both in bodily dimension and spiritual.

Referência(s)