Artigo Acesso aberto Produção Nacional

LAMELAS (BANDAS ONDULADAS) EM ARGISSOLO VERMELHO- AMARELO COMO INDICADORES DA EVOLUÇÃO DO RELEVO: O CASO DAS COLINAS MÉDIAS DO PLATÔ DE BAURU (SP)

2006; União da Geomorfologia Brasileira; Volume: 7; Issue: 1 Linguagem: Português

10.20502/rbg.v7i1.59

ISSN

2236-5664

Autores

Leonardo José Cordeiro Santos, Selma Simões de Castro,

Tópico(s)

Soil Management and Crop Yield

Resumo

No Platô de Bauru – um pequeno platô do oeste do estado de São Paulo – domina relevo rebaixado e dissecado em suas bordas, considerado residual de condições tropicais denudacionais pós-cretáceas. Compõe conjunto dominado por colinas amplas e médias suportadas por arenitos finos cretácicos da Bacia Sedimentar do Paraná. As colinas médias apresentam perfil convexo-côncavo-convexo, ao longo do qual se desenvolve sistema pedológico constituído de Latossolo Vermelho-Amarelo nos topos convexos, Argissolo Vermelho-Amarelo nas vertentes, progressivamente hidromorfizado para juzante, onde passa ao Gleissolo na base das vertentes. Nos segmentos médios de suas vertentes, onde se desenvolveu Argissolo Vermelho Amarelo, o horizonte E arenoso apresenta numerosas lamelas (ou bandas onduladas), na forma de pendúculos em semi-arco conectados ao horizonte B subjacente, argiluvial e hidromomorfizado (Btg), ou ainda de faixas estreitas desconectadas. Ambas concentram constituintes finos (areia fina, argila e oxidohidróxido de ferro). A origem dessas lamelas é controversa e não se conhece suas relações com a evolução do próprio relevo. Neste artigo, inicialmente apresenta-se breve revisão sobre as diversas interpretações a respeito da origem e dos mecanismos de formação e evolução dessas lamelas. Com o intuito de embasar a discussão, o estudo de um perfil representativo desse solo é apresentado através de descrições morfológicas e micromorfológicas acompanhadas de ensaios físico-hídricos (granulometria, porosidade e condutividade hidráulica saturada) de amostras coletadas em campo. Os resultados revelam que as lamelas estudadas são de origem pedogenética relacionada a processo de hidromorfia suspensa e e-iluviação, as quais teriam facilitado também a instalação de fluxos hídricos superficiais e subsuperficiais verticais e laterais concentrados nesse segmento, favorecendo sua instabilidade e dissecação posterior por erosão hídrica. Discute-se as causas desse fenômeno e levanta-se a possibilidade de rebaixamento local recente do nível dos talvegues como indutor de reajustes hidráulicos das vertentes pré-existentes, sendo as lamelas testemunhas dos reajustes pedológicos relacionados e ainda funcionais.

Referência(s)