A Mulher Boia-Fria - Maternidade ou Culpa

1994; Volume: 1; Issue: 1 Linguagem: Português

10.15603/2176-0985/mandragora.v1n1p69-71

ISSN

2176-0985

Autores

Igor Fonseca Silva, C.T. Lemos,

Tópico(s)

Urban Development and Societal Issues

Resumo

A sociedade patriarcal produziu um modelo de homem e mulher a partir de formas de organizacao da sociedade, que sao hierarquicas, idealistas e excludentes. Em toda historia humana podemos perceber que: legisladores, sacerdotes, filosofos, escritores, sabios, etc., empenharam-se em demonstrar que a condicao de subordinacao da mulher era desejada no ceu e proveitosa na terra (Simone de Beauvoir, “O Segundo Sexo”, p. 16). Ao longo da historia as instituicoes se apropriaram dos mitos e lendas existentes, criaram e estimularam outros para reforcar o estado de submissao da mulher, levando-a a introjecao dos mesmos e, na questao especifica, a maternidade como funcao unica da mulher e bilhete de acesso ao paraiso idealizado. Nas camadas populares e empobrecidas, a introjecao desses mitos e tabus produz um peso ainda maior sobretudo na luta pela sobrevivencia, onde o prazer e substituido pela dor, pela violencia e pela instrumentalizacao do corpo da mulher. A culpa toma um duplo sentido o de necessariamente ter que gerar filhos e o de nao ter condicoes concretas para sustenta-los. As mulheres boias-frias sao trabalhadoras rurais, sem terras, volantes, sem vinculo empregaticio, cuja jornada de trabalho e de 12 horas por dia nas colheitas de cafe, algodao e cana-de-acucar. Sao transportadas em caminhoes como animais e sujeitas a abusos sexuais no trabalho, principalmente as adolescentes. Vivem em favelas das cidades em regioes agricolas. Para conhecer o universo do pensamento da mulher boia-fria em relacao a sexualidade e os direitos reprodutivos, realizamos quinze entrevistas, das quais serao transcritos alguns trechos significativos sobre: sexualidade-maternidade e direitos reprodutivos.

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