
O esporte como promotor da saúde em crianças com deficiência
2016; UNIVERSIDADE DE FORTALEZA; Volume: 29; Issue: 1 Linguagem: Português
10.5020/18061230.2016.p1
ISSN1806-1230
AutoresAna Elizabeth Gondim Gomes, José Irineu Gorla,
Tópico(s)Physical Education and Sports Studies
ResumoA Revista Brasileira em Promoção da Saúde (Brazilian Journal in Health Promotion), movida pela necessidade de uma cultura que estimule a participação de crianças com deficiência em atividades esportivas, quer enfatizar a sua preocupação com o conteúdo de suas publicações relativas à temática. Para tanto, pretende propiciar o pensamento acerca da promoção de saúde em crianças com deficiência, despertando entre os profissionais atuantes e em formação, o alargamento do compromisso profissional e o reconhecimento da sua importância. Para iniciar, vociferar o termo “equidade” é imprescindível, mesmo que este só venha sendo mais pronunciado há alguns anos, graças ao empurrão dado pelas políticas públicas e pela entrada dos meios de comunicação virtuais nos lares. Que o vocábulo causa alergia a alguns não é novidade, mas é nítido que o termo tem dado cobertura a desigualdades gritantes. A equidade, no caso da possibilidade de acesso ao esporte, é um sinal de evolução, sobretudo no que tange à civilidade. Os países desenvolvidos possibilitam, com algumas limitações, um maior acesso ao esporte, e o Brasil, que se encontra em fase de engatinhar, precisa contar com o suporte de todos para deambular mais brevemente. Assim, afigura-se pertinente levantar algumas referências, sendo a primeira o termo “equidade”, que quer dizer igualdade, retidão na maneira de agir, reconhecimento dos direitos de cada um, justiça reta e natural(1). Como obreiros de uma nova humanidade, pautados pela ética profissional, é indispensável considerar a palavra “equidade” na gestação de um plano de aula a ser desenvolvido, independentemente da modalidade esportiva. No tocante às crianças, com ou sem deficiência, tratar a equidade com menoscabo é um gesto semelhante a uma castração. Castra-se, melindra-se um ser humano que está em fase de desenvolvimento e carece de trato e cuidado por estar formando a sua identidade. Aos profissionais de Educação Física, assim como das demais disciplinas que dividem conosco o dia a dia laboral, é oportuno separar o fazer do pensar, a prática da teoria. Quanto à prática pedagógica, o foco deve manter-se na pessoa que pratica o esporte. No caso de alguém com deficiência, é condição sine qua non que o profissional considere as especificidades que cercam o sujeito, como o tempo e a causa da deficiência, a funcionalidade e as experiências prévias(2). A segunda referência retrata a equidade como algo bem familiar à acessibilidade, pois ambas são capazes de despertar inquietação, caso não sejam levadas a cabo. Nessa era de subalimentados valores, sonhos e ideias, prover um ambiente acolhedor pode tornar-se utópico, porém deve ser idealizado, já que todo acolhimento é considerado um divisor de águas na vida das crianças. Independentemente da limitação sensorial, motora ou intelectual apresentada, o respeito deve tornar-se uma constante, assim a segurança brotará, os talentos despertarão e as oportunidades surgirão. Três fatores figuram na lista como responsáveis pelo crescimento do esporte para pessoas com deficiência, denominado esporte adaptado: a efetividade do com deficiência à prática e o caráter da modalidade enquanto entretenimento(3). Já uma terceira referência vê para além do óbvio: o nascer, o crescer e o encorpar somente têm sentido com o auxílio do suporte familiar e das escolas das letras e da vida. Para nascer, não tanto, mas para crescer e se encorpar, faz-se necessário conviver, sentir-se incluído e ter vez e voz. A inclusão das crianças com deficiência nos esportes é uma via para a promoção da saúde e para a melhoria na qualidade de vida. A prática esportiva deve ser estimulada precocemente, através dos familiares e das intervenções dos profissionais da área educacional e da saúde. Acerca do papel do educador, é oportuno mencionar Rubem Alves, pois é dele o alerta de que um mestre ou um doutor deve ser um agente e um propagador da sensibilidade essencial(4). Nesse caso, atenção aos professores de Educação Física, sobretudo por conta da possibilidade de atuação nos campos da licenciatura e do bacharelado. A prática esportiva deve ser considerada um facilitador da inclusão social, afinal, possibilita que atletas façam parte de um grupo no qual existem mais pessoas com as mesmas condições e seus feitos são valorizados(5). Entretanto, não é apenas na convivência entre atletas com deficiência que a inclusão social reside. O mais adequado é o viver em sociedade, entre pessoas com e sem deficiência. Obviamente que alguns optam por conviver com pessoas com deficiência, porém, o ideal é oportunizar um ambiente inclusivo, heterogêneo, onde haja respeito à diversidade, à potencialidade e aos limites dos demais. Pesquisas associam à prática esportiva os benefícios relativos à reabilitação(6), inclusão social(7) e saúde(8). Mas para as pessoas com deficiência, o esporte é um constructo complexo, que não pode ser encarado de forma reduzida à condição de preparação física, reabilitação ou ao status de ferramenta de inclusão. Portanto, estimular as crianças com deficiência para a realização da prática esportiva é considerar que elas não têm menos competência que as demais(9). É por meio desse estímulo que os benefícios relacionados à composição corporal, à função cardiorrespiratória e aos parâmetros neuromotores melhoram. Com isso, entende-se como um direito basilar civilizacional a oportunização de escolhas entre o fazer e o não fazer um esporte, bem como qual esporte mais apetece a uma criança com ou sem deficiência praticar. A propósito do direito basilar, os holofotes estiveram aqui voltados para aquele denominado equidade.
Referência(s)