Artigo Acesso aberto

Literatura Oral e Popular

1994; Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística; Volume: 1; Issue: 1 Linguagem: Português

10.18309/anp.v1i1.220

ISSN

1982-7830

Autores

Doralice X. Alcoforado,

Tópico(s)

Literature, Culture, and Aesthetics

Resumo

O entendimento do fenomeno literario, como uma criacao estetica da linguagem, nao significa que essa criacao so se possa concretizar-se atraves da modalidade escrita. O texto oral, etimologicamente carregando o peso de um paradoxo, permaneceu por muito tempo fora do enfoque teorico dos estudos literarios, cuja tradicao tem privilegiado a escritura como unica fonte teorizadora do texto artistico, duvidando “de que a literatura oral tivesse um valor intrinseco e um carater proprio”, como testemunha Jakobson (1985, p. 22). A partir da decada de 70, ampliam-se os espacos de debates sobre literaturas orais e, em 1981 e 1982, durante o salao do livro no Centro George Pompidou, em Paris, esses debates ganham mais consistencia. Uma geracao de estudiosos do exterior, encabecada por Paul Zumthor, estudioso da literatura medieval, suico de nascimento, e de estudiosos do Brasil vem se dedicando ao estudo da literatura oral, resgatando o seu estatuto de texto artistico, antes privilegio exclusivo da escritura. Dessa forma, esses estudos tem podido ressaltar as especificidades inerentes a sua natureza oral, cuja literariedade, como bem elucida Zumthor, acentua em plenitude a funcao da voz, imprimindo mais forca a sua estrutura modal que explora aspectos translinguisticos da comunicacao dando enfase ao ritmo e as sonoridades significativas, ao inves de ressaltar apenas a estrutura textual, legado da escritura.

Referência(s)