Follow-up prolongado da talcagem via toracoscopia no pneumotórax espontâneo primário
2007; Elsevier BV; Volume: 13; Issue: 6 Linguagem: Português
10.1016/s0873-2159(15)30385-8
ISSN2173-5115
AutoresSándor Györik, Erni Setyowati,
Tópico(s)Lung Cancer Diagnosis and Treatment
ResumoO pneumotórax espontâneo primário (PEP) afecta particularmente indivíduos jovens, existindo normas de tratamento internacionais desta patologia que não são aplicadas uniformemente nos diferentes países. A talcagem via toracoscopia sob anestesia local e sedação é segura e apresenta resultados de eficácia superiores em relação ao tratamento conservador com dreno pleural no PEP, que não se resolve com a simples drenagem. Os autores deste artigo defendem que no PEP recidivante ou num primeiro episódio de PEP, em que a saída de ar seja superior a 48 horas, é necessária uma abordagem mais agressiva, de preferência a talcagem por toracoscopia. A toracoscopia permitiria simultaneamente a visualização de possíveis aderências, blebs ou bolhas. Existe um estudo que refere alterações da função pulmonar, nomeadamente a restrição e espessamento pleural, após talcagem, no PEP. Contudo, este estudo não refere o tipo e a dose de talco utilizado, a técnica de pleurodese realizada, nem o método radiológico de quantificação da pleura envolvida. Pela controvérsia existente em torno da talcagem e seus eventuais efeitos adversos, os autores deste estudo realizaram um follow-up a longo prazo (em média 118 meses), em doentes com PEP recidivante ou persistente por um período superior a 48 horas e que foram submetidos a pleurodese com talco, via tora coscopia com anestesia local e sedação. Os parâmetros avaliados foram a carga tabágica, a clínica, a taxa de recorrência e a função pulmonar destes doentes. O talco utilizado era francês, de dimensões padronizadas (mais de 50% das partículas superiores a 10 μm) e livre de asbestos. Um total de 112 doentes foram submetidos a talcagem, conseguindo-se obter um follow-up em 63 casos (56%). A taxa de sucesso da pleurodese foi de 95% nos doentes avaliados. A recorrência de pneumotórax ocorreu em 3 doentes que mantiveram hábitos tabágicos (5%) aos 2 meses, 1 e 10 anos após talcagem, tendo estes doentes sido submetidos posteriormente a pleurectomia cirúrgica. De salientar que 62% dos doentes permaneceram fumadores no período de follow-up. A comparação da função pulmonar entre fumadores e não fumadores foi a esperada, com uma redução do VEMS e índice de Tiffeneau no grupo dos fumadores. A capacidade vital forçada média foi de 102%, com capacidade total pulmonar de 99% na altura do follow-up. Os autores deste estudo concluem pois que a pleurodese com talco, via toracoscopia, no PEP, é um procedimento eficaz e seguro a longo prazo, sem implicar alterações da função pulmonar, nos doentes não fumadores. Concluem ainda que só em doentes com blebs ou bolhas com um diâmetro superior a 2 cm a melhor abordagem seria a cirúrgica.
Referência(s)