
Brasil, País do Futuro: Políticas do Esquecimento e Imagens Identitárias da Denegação
2015; Volume: 25; Issue: 64 Linguagem: Português
10.15600/2236-9767/impulso.v25n64p161-178
ISSN2236-9767
Autores Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoEm 1941, foi publicado em varios paises simultaneamente o ensaio Brasil, pais do futuro do escritor austriaco Stefan Zweig. Da parte de seu autor, o livro e, em certa medida, a expressao de um esquecimento voluntario (“me retirar do mundo que se destroi ” ) e um investimento psiquico em um ideado “pais do futuro” (“ Percebi que havia lancado um olhar para o futuro do mundo” ), visto como contraponto a barbarie alcancada pela civilizacao e razao europeias com a ascensao do nazismo e o terror da politica totalitaria e dos campos de exterminio. Como se sabe, Zweig foge de Viena em 1934 e, apos refugiar-se em varios paises, estabelece-se em Petropolis onde se suicida em fevereiro de 1942. Por outro lado, a imagem enunciada, a figuracao Brasil, pais do futuro passa a exprimir uma identidade nacional fundada na procrastinacao e na postergacao, na denegacao do tempo presente, projetando-se em imprecisos amanhas. Nessa perspectiva procuro pensar as aproximacoes e distanciamentos entre as narrativas historiograficas, que, de uma forma ou de outra, incorporam a memoria como “fonte” inscrevendo-a assim nas diversas “operacoes historiograficas”, e as linguagens da memoria e do esquecimento, que nao sao a elas redutiveis. Esta reflexao pretende interpelar as formas do esquecimento publico em acao nesta imagem identitaria singular – Brasil, pais do futuro – que articula estetica e etica.
Referência(s)