Artigo Acesso aberto

Tempo e destino n’os Maias, de Eça de Queirós

1979; Volume: 8; Linguagem: Português

10.11606/issn.2594-5963.lilit.1979.113930

ISSN

2594-5963

Autores

João Décio,

Tópico(s)

Linguistics and Language Studies

Resumo

Como tentaremos evidenciar, o destino (1) no romance Os Maias, de Eça de Queirós aparece como elemento rompedor da con tinuidade temporal, na medida em que implica a realização da liga ção incestuosa entre Carlos da Maia e Maria Eduarda e a revelação desse segredo de uma forma que pretendemos elucidar Mas, por outro lado, o destino constitui um dos temas que poderá levar a con trovérsias em torno daquelas personagens centrais e de outras, como Pedro da Maia, João de Ega e mesmo Afonso da Maia, para nos cingirmos às mais significativas.No tópico em questão, a problemática mais importante reside no amor incestuoso entre Carlos da Maia e Maria Eduarda.Nos outros casos, ele se torna de interesse mais reduzido.Na análise do assun to, de princípio, já surge naturalmente a interrogação: seria o des tino, configurado dentro de um sucessão cronológica da narrativa, como algo necessário à trama e pré-estabelecido pelo narrador ou re sultará de uma continuidade psicológica (2) temporal (dos sentimen tos, das idéias, enfim, das vivências íntimas e intransferíveis) no tem po e no espaço?Ou decorreria das ações e das atitudes das personagens envolvidas ou se constituiria num elemento fortuito, senão gratuito no desenrolar do romance?No caso em tela, é procedente pensar que o destino, relativo à sucessão temporal, apresenta duas direções: uma,(1) -Entenda-se como destino a inexorabilidade nos acontecimentos de fatos que podem depender ou não das circunstâncias internas e da realidade psicológica do ser.André Lalande defende o destino como sendo "proprement, puissance par laquelle certains événements seraient fixés d'avance quoi qu'il pût arriver, et quoi que les êtres doués d'intelligence et de volonté pussent faire en vue de les éviter" (Vocabulaire Technique et Critique de la Philosofie, p. 219).

Referência(s)
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