
Não há peixe para pescar neste verão: efeitos socioambientais durante a construção de grandes barragens – o caso Belo Monte
2016; UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ; Volume: 37; Linguagem: Português
10.5380/dma.v37i0.45595
ISSN2176-9109
AutoresSônia Barbosa Magalhães, Ygor Yuri Pereira da Silva, Cleice Da Luz Vidal,
Tópico(s)Hydropower, Displacement, Environmental Impact
ResumoA maioria dos estudos de cunho socioantropológico que versa sobre os efeitos socioambientais decorrentes da construção de grandes barragens dedica-se aos fenômenos que se verificam após o barramento do rio. Neste texto, a partir de pesquisa de campo realizada no contexto de construção de Belo Monte, pretendemos evidenciar como, do ponto de vista de quem os vivencia, os efeitos socioambientais do período pré-operação não são negligenciáveis e nem meramente transitórios. Durante a construção, o fluxo de máquinas, equipamentos e pessoas destinados à construção e seu entorno incide sobre territórios e recursos naturais que são condição para a reprodução social e econômica de povos e comunidades. O conhecimento tradicional acumulado faculta a apreensão de transformações sutis no ambiente, incluindo o comportamento de peixes e demais integrantes da fauna aquática, alterações na turbidez da água, na vegetação e outras, assim como mudanças nas relações sociais, incluindo restrições ao deslocamento de pessoas e de objetos. O gradiente de sua magnitude não pode estar fora do contexto no qual ocorre. Deveria ter como unidade de medida o sentido vivido. Dos pontos de vista institucional e político, é necessário que haja reconhecimento da epistemologia de produção e reprodução do conhecimento tradicional, com canais competentes para que as avaliações produzidas a partir dele sejam igualmente consideradas.
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