
LITIGANDO PELA LIBERDADE NO BRASIL OITOCENTISTA: RELAÇÕES ESCRAVISTAS EM UM CONTEXTO FRONTEIRIÇO (ALEGRETE, PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO SUL)
2015; UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA; Issue: 33 Linguagem: Português
ISSN
2317-6725
Autores Tópico(s)Religion and Society in Latin America
ResumoA luta pela liberdade, por parte dos cativos, foi algo rotineiro na historia da escravidao brasileira. Contudo, na decada de 1870, apos a aprovacao da Lei do Ventre Livre em 1871, os escravos ganharam novas ferramentas para litigar pela liberdade. A principal delas foi a oportunidade do cativo, no momento da morte de seu senhor e/ou senhora, depositar o valor pelo qual foi avaliado, sem o consentimento do seu proprietario, alforriando-se unilateralmente. Mesmo que a possibilidade de acumular um peculio ainda dependesse da anuencia do senhor, sabe-se hoje que o cotidiano escravista era muito mais fluido – isto e, era muito dificil aos senhores impedirem os escravos (ou sua familia) de acumularem recursos. E neste contexto que o presente artigo se insere, porem, analisando as relacoes escravistas em uma situacao de fronteira com outras nacoes onde a escravidao ja havia sido abolida – notadamente, a Banda Oriental (Uruguai) e Argentina. Naquele espaco fronteirico, os cativos tiveram um recurso a mais na sua luta pela alforria: o fato de constantemente atravessarem a fronteira, com o consentimento de seus senhores, para trabalharem em terras de seus proprietarios (ou simplesmente conduzirem o gado dos mesmos) em solo uruguaio. Sob esta justificativa, depois que voltavam ao Brasil, muitos deles adentraram na justica para requerer sua manumissao. Para alem desta novidade, o curioso e que muitos senhores preferiram nao litigar com seus escravos em razao dos altos custos que os processos podiam acarretar – aliado a grande probabilidade de derrota nos tribunais, ja que o contexto era desfavoravel a instituicao. E sobre este fenomeno, ate entao pouco conhecido e, por isso, pouco explorado, especialmente para areas onde predominavam as pequenas escravarias, que versa o presente estudo. Para tanto, nos valemos da reducao da escala de analise, do cruzamento nominal de fontes e do entendimento que naquele espaco fronteirico as relacoes pessoais atendiam a logicas outras, as quais tornavam a relacao senhor x escravo mais complexa.
Referência(s)