Tempos e silêncios em narrativas: etnografia da solidão e do envelhecimento nas margens do dizível
2016; Centro em Rede de Investigação em Antropologia; Issue: vol. 20 (2) Linguagem: Português
10.4000/etnografica.4268
ISSN2182-2891
Autores Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoA proposta deste artigo é contribuir para uma etnografia do sentimento de solidão e abandono na velhice. Tal abordagem será efetuada a partir da análise da trajetória das chacretes, nome artístico de antigas dançarinas eróticas que durante as décadas de 1970 e 1980 foram famosas personagens da televisão brasileira. A solidão é entendida neste artigo como uma experiência emocional oriunda das negociações sociais cotidianas operadas pelos sujeitos acerca de suas próprias vidas. Tendo como base o caso de uma chacrete, é analisado ao longo do texto o trabalho da passagem do tempo na fabulação e na descrição de sentimentos considerados violentos e tortuosos por quem os vivencia. A experiência extrema de dor, sofrimento e solidão de uma mulher envelhecida liga-se a um trabalho de gestão de palavras e lembranças acerca de seu passado, demonstrando ser a solidão não um sentimento idiossincrático, "não relacional", mas, pelo contrário, resultado de contatos e trocas sociais.
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