Sciences : des archives à la genèse. Pour une contribution de la génétique des textes à l'histoire des sciences

2003; Volume: 20; Issue: 1 Linguagem: Português

10.3406/item.2003.1240

ISSN

2268-1590

Autores

Pierre-Marc de Biasi,

Tópico(s)

Cultural Insights and Digital Impacts

Resumo

Dominada por vivas polémicas teóricas sobre questões de método e procedimento, a história das ciências contemporâneas, com raras excepções, desconcertantemente ignora a dimensão genética dos seus próprios arquivos, escritos e desenhados, que são estudados como «textos» sem que se tenha em consideração as transformações e mutações internas que neles se deixam ver em termos de «escrita» e de processo. Facultando-lhe o domínio inexplorado dos fenómenos diacrónicos e dos processos temporalizados, a genética dos textos promete descobertas consideráveis à história das ciências, mas só pode exercer-se sobre arquivos autênticos. Ora, o patrimonio arquivístico das ciências constituiu-se bem mais tarde que o das letras. Além disso, será possível aplicar os métodos de análise do manuscrito literário (que é artístico e votado ao «fingimento») ao arquivo de trabalhos científicos (que visam um discurso da verdade demonstrável) ? É verdade que as similitudes (retóricas, imaginárias, tácticas, lógicas) são por vezes mais fortes do que se esperaria. Mas o material arquivístico a tratar (especificidade dos códigos, escrita colectiva, instrumentação e mediação técnica, imagem e representação gráfica, aplicações, etc.) e o perfil compósito dos processos (mais próximos do cinema e da arquitectura que da literatura) supõem inovações em matéria de conceitos e de articulações funcionais. Assim, o continuum «estádio pré-textual/estádio textual» deverá ser substituído, no campo das ciências, pela imagem de um processo de tipo bifásico, com um «estádio genésico» (a pesquisa, em que a escrita tem papel pontual) e um «estádio textual», centrado na escrita, que reinicializa um processo redaccional com vista à «publicação». Cada dossier implica assim dois tipos de estudos de génese : o primeiro incide sobre o processo de pesquisa propriamente dita, desde a fase inicial às verificações definitivas, enquanto o outro consiste na redacção que visa à «comunicação» dos resultados. Tanto num como no outro caso, mediante algumas adaptações, os métodos da genética dos textos (transcrição, classificação, tipologia das fases, etc.) podem aplicar-se com a mesma sistematicidade que na literatura, tendo em perspectiva materiais apropriados para a cognição do pensamento científico.

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