Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Narradores bastardos – Salman Rushdie e Guimarães Rosa

2016; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA; Volume: 1; Issue: 20 Linguagem: Português

10.5007/2176-8552.2015n20p91

ISSN

2176-8552

Autores

Telma Borges,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

http://dx.doi.org/10.5007/2176-8552.2016n20p91Este artigo tem por objetivo refletir sobre os romances O último suspiro do mouro, de Salman Rushdie, e Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, a partir de algumas estratégias estruturais dessas narrativas, tais como a do manuscrito encontrado e/ou que se escreve enquanto se ouve o narrador contar a estória; a matéria vertente, ou seja, o que se conta; o agenciamento de diferentes vozes narrativas; o uso de documentos apócrifos que revelam a elaboração de uma memória imaginada; e o recurso ao fantástico, bem como a recriação crítico-criativa da língua do colonizador. Tais estratégias se organizam a partir de uma voz narrativa em primeira pessoa – Moraes Zogoiby e Riobaldo –, os quais, na condição de filhos bastardos ou supostamente bastardos, realizam uma contraescrita da história, de modo a produzirem uma escrita também bastarda, ou seja, o rerrelato, como afirma Salman Rushdie, ou a estória, como argumenta Guimarães Rosa. Tais procedimentos resultam na descolonização da voz narrativa e instituem o que tenho denominado escrita bastarda.

Referência(s)