Artigo Revisado por pares

Certo sertão: estórias

2002; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS; Volume: 6; Issue: 10 Linguagem: Português

ISSN

2358-3428

Autores

Francis Utéza,

Tópico(s)

Arts and Performance Studies

Resumo

Em Primeiras estorias, “Os Irmaos Dagobe” e “Fatalidade” podem ser lidas superficialmente como parodias de bangue-bangue em que os atores nao correspondem aos estereotipos do genero. No entanto, as marcas da identidade cultural do sertao bravo, tipo faroeste americano, constituem, sobretudo, o cenario util para nele enquadrar a dinâmica espiritual que Rosa frisava como caracteristica da coletânea. Em ambas as estorias, o narrador oculta essa dinâmica: posicionandose como porta-voz de uma gente “fatalista”, resignada a sofrer os desmandos dos valentoes em “Os Irmaos Dagobe”; adoptando, em “Fatalidade”, a tonica humoristica de uma testemunha que se distancia em relacao aos acontecimentos relatados, fazendo de conta que nao entende em que consiste o “fatalismo” do delegado protagonista. O discurso desses dois narradores, ao mesmo tempo, solicita a perspicacia do leitor – atraves da onomastica, das falas dos personagens, dos enigmas linguisticos colocados na narracao – apontando para um conteudo oculto a ser revelado. Assim, partindo de causos que questionam a justica e as leis humanas, “Os Irmaos Dagobe” e “Fatalidade”, funcionam como parabolas que convidam a refletir, em particular, sobre a problematica do livre arbitrio e da graca divina, na exploracao da terceira margem do Ser Tao, ali onde o cristianismo encontra as fontes greco-orientais da Philosophia Perennis.

Referência(s)